domingo, 18 de dezembro de 2016

NO ESCURINHO

No sábado, 3 de dezembro, fiquei sem energia elétrica.
Passei toda a noite de sábado e o domingo inteiro achando que o problema era na rede interna de minha casa.
Só com o Bruno, na segunda de manhã, é que descobrimos que o problema era da CPFL. Um cabo resistor que ligava os fios da rua com a peça do poste da casa (ou qualquer coisa parecida), quebrara. Os caras da CPFL só começaram o conserto as 22:00. Ou seja, entre 18:30 e 22 horas fiquei sozinho em casa, no escuro, com as baterias do celular e tablet zeradas e sem poder usar o telefone porque ele é daqueles sem fio.
É só nesses momentos que a gente nota quanta coisa tem pra ser feita e que fica travada por falta de energia, de computador, de internet, de celular, de telefone!
Pra cada um dos videoclips que estão agendados (seis para os próximo seis meses)  têm-se que providenciar muitos detalhes: local, equipe, figurino, luz, pagamentos etc.
As edições dos programas de rádio já gravados (três), os contatos com novas bandas para próximos programas....
A procura pelos parceiros ideais pro trabalho de aprofundamento no figurino, o festival de bandas autorais em gestação, os textos pra este blog, as atualizações diárias via twitter......é muita coisa.
Isso sem falar no site que ainda não saiu, no lançamento definitivo das fotos que fiz em agosto, na revisão de todo o equipamento e instrumentos para os próximos shows.....
E tem o PROAC, um trabalho hercúleo de se correr atrás de empresários.
E a redefinição do projeto visando uma ROUANET no futuro!
Atualizações na página do Face, contato com rádios independentes nacionais e internacionais, estudar os textos que estão explodindo na rede sobre o caminho empresarial necessário para os compositores atuais!!!!
Fiquei pasmo em repassar quanto há pra se fazer e eu, naquele momento, ali, parado, no escuro da varanda, por horas, sem poder fazer nada!!! Só fazendo carinho na testa da Liebe e, com os pés, na barriga da Châtelet.
Mas, de repente, me veio uma ideia estranha na cabeça: na minha casa tem violão! Aliás, alguns. Eu tenho 2, o do Helder de 12 cordas fica comigo também (há décadas) e o Bruno deve ter uns 17 ou 32 instrumentos de corda no quarto dele.
Me veio a estranha sensação de que eu poderia pegar um desses instrumentos acústicos e, de repente, assim, sem compromisso, dedilhá-lo. Passar umas sequências de acordes, experimentar algumas séries harmônicas, pincelar umas melodias.........
Então, fiquei ali por umas 4 horas tocando.
Fiz 3 músicas.
Bem, compus 9 sequências harmônicas, 3 pra cada música. Sei pra qual assunto cada uma delas serve. Até uma proto-melodia se enquadra na primeira dessas músicas.
E uma das músicas até me deu a certeza de que será a base pra uma letra na qual venho trabalhando há dias: The Super Hero. Sim, em inglês. Talvez seja influência das bandas que já entrevistei, todas elas com letras em inglês - Factus Band, Higher, Fabiano Negri. E as músicas nesse idioma da Marise Marra definitivamente me cativaram.

I´m a super hero
And my power is the total annihilation of the relationships
I promise you: your heart, your soul, your feelings - all of them will be destroyed
I´ll give you hope, I´ll give you a great smile, a hug,
I´ll embrace your soul, you will feel like the most happy human of the world
Give your heart to me, give me your soul, give me your life
I´ll crack in thousand pieces
And so, with my simple way to be.....will be the end
Your end

Claro, está sem métrica, sem ritmo, são só as ideias imediatas. Mas dá pra ver que eu não perdi minha veia romântica, não acham? Tenho pensado muito sobre o gênero masculino e todas as suas maravilhosas contribuições para a existência, para os relacionamentos, para o amor.....

O que eu conseguiria fazer com mais tempo pra compor?
Bem, não vou ficar esperando (o futuro: adeus pertences). O que tem que ser feito.....tem que ser feito.
Mas fica essa pergunta no ar......

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

"EI, VOCÊ PREFEITO AÍ, ME DÁ UM DINHEIRO AÍ, ME DÁ UM DINHEIRO AÍ!!!!"

Continuando a discussão.....
Desta vez, falando a respeito do relacionamento do poder público e os músicos autorais ou entre ele e os artistas em geral ou até entre esse primeiro e a Arte especificamente........a coisa fica, a meu ver, bem mais clara.
Fica mais clara porque a relação entre os entes envolvidos é bem mais direta, palpável, evidente.
Pagamos impostos, certo? Bem, pagamos muitos impostos. Imposto pra tudo, sempre, desde que começamos a produzir dinheiro até o fim de nossas vidas. E antes de entrarmos no mercado de trabalho, nossas famílias pagavam impostos por nós. E nossos filhos continuarão pagando depois que nos formos.
Não, não sou um daqueles malucos contra todo e qualquer imposto. Me considero mais realista: a vida em sociedade pressupõe interesses e necessidades comuns que exigem que paguemos taxas e impostos para que essa convivência social ocorra da maneira mais civilizada possível.
Não gosto de pagar impostos, como qualquer um. Mas aceito porque sei que é necessário. Que eles sejam os menores possíveis. Que sejam os mais justos possíveis. Que onerem progressivamente quem tem mais e atue como mecanismo de justiça social cobrando menos de quem pouco ou nada de quem  nada tem.
Mas, uma vez estabelecido isso - a convivência com os impostos - passamos para a óbvia constatação de como gastá-los. E daí a sociedade se divide em inúmeros grupos que defendem seu ponto de vista sobre como canalizar o gasto do dinheiro arrecadado. Não vou discutir isso aqui, cada um defenda esse gasto da forma que lhe parecer mais justo.
O certo é que essa montanha de dinheiro arrecadado - num cidade como Campinas a grana é realmente estratosférica!!! - será dividida para atender às diversas demandas sociais e A CULTURA É UMA DELAS!
Tem que haver um aporte do dinheiro dos impostos para a Cultura porque é constitucional. Porque nós, que vivemos na e pela Cultura pagamos nossos impostos e exigimos isso. Porque só há progresso social e humano numa sociedade onde o patrimônio imaterial é respeitado, fomentado, incentivado.
Quando os artistas pedem dinheiro público para a Cultura (Artes em geral, literatura, manifestações culturais populares, mostras, festivais, etc.) NÃO DEVERIAM SE DIRIGIR AO PODER PÚBLICO COMO QUE PEDE UM FAVOR! Não, amigo, eles, eleitos pela maioria da população, é que deveriam se desculpar quando algo nessa área não sai do jeito que deveria.
E o que nós, produtores de música autoral e inédita, pedimos ao poder público?
O óbvio, o mínimo, o evidente: investimento na criação, manutenção e divulgação de espaços adequados para a veiculação dessa produção artística.
E tem que ser um investimento com a chancela de política municipal não sujeita a retrocessos ou mesmo cancelamentos ao critério do prefeito eleito!
Festivais, mostras, utilização constante dos espaços existentes, equipamentos de som e luz profissionais sempre que necessários, divulgação das ações de forma adequada, publicação periódica da produção artística nas mídias correspondentes, financiamento da produção musical, teatral, fílmica, de dança através de editais - bem, IDÉIAS NÃO FALTAM. Deixe nos comentários as suas.
O problema é a falta de uma visão da Cultura & Arte não como "enfeite" da administração municipal e sim como força constitutiva da cidadania.
O problema é a falta de continuidade, que não forma público.
O problema é muita gente achar que imposto é importante pra fazer escola, esgoto e creche mas financiar artistas é coisa desnecessária: "eles que se banquem no mercado......"
Sempre haverá um dizendo "o dinheiro não é suficiente pra tudo isso". Bem, além de não acreditar nisso, eu preferiria ver Cultura & Arte funcionando de forma orgânica e concatenada nesta cidade, mesmo que em escala pequena, do que experimentarmos cotidianamente esta realidade onde parece que tudo acontece de "virada em virada", esporádico, pontual, compartimentalizado.
Escrevi este texto em uns 3 minutos, fui pondo pra fora o que penso a respeito do assunto de forma quase visceral porque o tema realmente mexe muito comigo. Mesmo assim, feito num ímpeto, creio ter anotado as ideias principais que me guiam nesta discussão.
E você? O que acha?

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

E OS DONOS DE BAR?

No último texto, elenquei possíveis explicações que são dadas para justificar as dificuldades pelas quais passa a cena autoral campineira.
Uma delas, que ouço frequentemente, é a que uma parte da "culpa" seria dos donos de bares e casa de shows que não colaboram com as bandas que tem material próprio, sempre optam por contratar bandas cover e quando abrem espaço para shows de grupos de repertório inédito, não investem pagando um cachê minimamente decente ou não divulgam o evento de forma adequada.
Olha, devo dizer que já pensei dessa forma e ainda hoje acho que uma parcela de responsabilidade pelo problema aqui discutido realmente pesa sobre esses empresários.
Mas note que eu terminei o parágrafo anterior propositadamente com a palavra "empresário".
Bem, a "associação de bares, botecos, casas noturnas de Campinas onde rola som ao vivo" não me deu procuração para os defender. Eu apenas dividirei com vocês conclusões a que cheguei depois de décadas tentando veicular meu som e tendo resultados desanimadores.
Em primeiro lugar, acho que devemos sempre partir do princípio óbvio de que, numa sociedade como a nossa, capitalista, de livre iniciativa privada, o cara que abre um bar está procurando, entre outras coisas (às vezes, até mais importantes que) o.................LUCRO.
Ele vai abrir o estabelecimento, passar pela via crucis burocrática, enfrentar o pagamento dos impostos, se adequar as normas sanitárias e de segurança, investir nas instalações, pagar funcionários, fazer estoque, criar espaços virtuais e convencionais de divulgação de seu negócio, etc. etc. etc. etc., tudo isso somente por amor à arte?
Além disso tudo, ainda alegam problemas de relacionamento com alguns músicos que nem sempre são profissionais, chegam atrasados, bebem demais, ficam anos com o mesmo repertório, tem comportamentos inadequados com os funcionários da casa, etc. etc. etc.
Só pontuo esse argumento, por mais óbvio que pareça, porque, ainda hoje, vejo não só artistas achando que esse tal de "amor à arte" justifica eventual prejuízo no bolso do dono de bar como também já vi até mesmo empresários bancando prejuízos por meses (e até anos!!!) à fio só pra manter o sonho do bar aberto.
Acho que nós, gente da música, temos que ter uma compreensão mais madura, mais realista, mais decente mesmo, da posição do empresário neste contexto. 
Pedir pro cara ter prejuízo com uma noite com bandas autorais por que você acha que ele tem uma espécie de "dever social" com a música inédita da cidade é, na melhor das hipóteses, ingênuo. Na pior delas, risível.
Por outro lado.....
Sim, existem os empresários picaretas. 
Já fui vítima de vários deles. E são as picaretagens de sempre: não pagam o que combinaram ou simplesmente não pagam, não movem um dedo pra divulgar o show (nem no próprio site do bar!!!), não cedem equipamento ou quando cedem, cobram caro por ele e por aí vai (complete as reclamações nos comentários, please).
Tonhão Coimbra, músico campineiro guitarrista da legendária banda Bamba Azul, num dos shows que fizemos juntos, me disse:
"-W, tamo ganhando esses 150 conto hoje mas esse é o mesmo cachê que eu recebia com o Bamba há 20 anos atrás!"
Tem também o famoso caso do empresário que abriu seu estabelecimento dizendo pra um amigo músico que ele iria ganhar dinheiro vendendo cerveja e comida. A portaria (que no caso seria o couvert artístico) seria dos músicos. Bem, nas primeiras semanas, o bar entupiu e teve banda com 4 integrantes saindo com R$ 2.000,00 no bolso. Resultado: no segundo mês as regras mudaram e a grana do couvert passou pro bar, que passou a pagar um fixo por músico, os tais 150 reais, que representava uma pequena fração do que ele arrecadava na portaria, claro.
Eu poderia contar muitas outras histórias como essa. Se chamasse meus amigos músicos pra falar então, encheríamos centenas de páginas de relatos absurdos como esse.
Mas deu pra se ter uma ideia de como as coisas funcionam, não?
E então, o que fazer?
Em minha opinião, o segredo é sempre se trabalhar com a pessoa certa. Neste caso, a pessoa certa seria o empresário que realmente entende o que é ter um bar onde rola música ao vivo. Um que entenda a dinâmica que rola nesta nossa discussão. Alguém que saiba trabalhar como pessoa de negócios mas que também entenda a cultura pop. Saiba sentar e negociar de forma profissional com as bandas. Que consiga enxergar os possíveis benefícios a longo prazo de uma empreitada de colaboração com as grupos autorais mas que, por outro lado, deixe bem claro (se possível por escrito) quais são suas expectativas e até mesmo exigências quanto ao trabalho dos músicos em seu estabelecimento.
Sei que você vai dizer "onde está esse bar em Campinas?".
E aí voltamos novamente ao velho problema: hoje, tá difícil achá-lo mesmo.
Acho que nós, artistas campineiros ou campinóides, podemos colaborar nesse processo tendo nós esta postura profissionalíssima que esperamos dos donos de bar. Conversando muito, negociando muito, demonstrando vontade de ver o lado dele na discussão, oferecendo toda a colaboração possível para o sucesso dos eventos.
O que eu estou querendo dizer, em outras palavras, seria: se tá difícil encontrar empresários nesse ramos de bares e casas noturnas com quem se possa trabalhar de forma realmente construtiva, criativa, positiva, mutuamente benéfica..........sejamos nós, músicos, com uma atuação extremamente profissional e competente, a propor uma mudança para que isso tudo passe a acontecer.
Acredito piamente que os iguais se atraem. Uma vez que façamos nossa parte de forma correta, uma hora ou outra vai aparecer alguém pra quem mostrar nosso trabalho significará um avanço pra todos.
Utópico? Polianesco? Irrealista?
O que você acha?

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O QUÊ ACONTECEU COM A CENA AUTORAL CAMPINEIRA?

É a pergunta que todas as pessoas envolvidas com produção de música inédita se fazem hoje em dia!
Tenho entrevistado artistas importantes do cenário rock/pop campineiro, conversado com muitos músicos sobre este tema, pensado muito a respeito e gostaria de começar a discuti-lo afirmando, antes de qualquer coisa, o seguinte:

QUALQUER "RESPOSTA" À PERGUNTA TEMA DESTE TEXTO QUE APONTE, DE QUALQUER FORMA QUE SEJA, UM SUPOSTO "EMBURRECIMENTO" DO PÚBLICO OUVINTE JÁ COMEÇA, EM MINHA OPINIÃO, MUITO MAL!

Ou seja: esse tipo de argumento diz que a culpa é do outro. É como se estivesse dizendo que "a culpa é do cara que não quer ouvir minha música". E por que ele não quer? "Ah, porque ele não entende. Ele é preguiçoso, não quer perder tempo nem miolos analisando, refletindo, descobrindo o quão profunda, interessante e maravilhosa é a música que eu faço......"

Convenhamos, minha gente, que é só dar uma olhada rápida nesse tipo de retórica pra ver que ele revela mais sobre quem pensa assim do que sobre o tal "público burro".

Digo agora mas já esclareço que o que direi a seguir será repetido inúmeras vezes, até que isso possa ser acolhido como uma das máximas que me guiam (e a muitos outros, claro) há tempos:

VIVEMOS NUMA SOCIEDADE URBANA, TECNOLÓGICA E CAPITALISTA. JUSTAMENTE DEVIDO A ESSAS CONDIÇÕES, NOSSA VIDA PODE SER TUDO MAS NUNCA PODERÁ SER DITA "SIMPLES"
 (quer viver simples? Compra um sítio em Pirapora e vai criar galinha, o que também deve ter lá o seu encanto)

 NÓS AQUI, 80% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA, VIVEMOS VIDAS COMPLEXAS, ONDE AÇÕES GERAM CONSEQUÊNCIAS E IMPLICAÇÕES POR VEZES INESPERADAS. SOMOS COBRADOS A TUDO, O TEMPO TODO. VIVEMOS NA CORRERIA, MUNDO VIRTUAL NOS EXIGINDO ATENÇÃO, DESLOCAMENTOS DIFÍCEIS, DISTÂNCIA DOS IDÍLICOS MAR E AMBIENTE RURAL, ETC., ETC., ETC.

ENTÃO:

NÃO HÁ SOLUÇÕES SIMPLES PARA PROBLEMAS COMPLICADOS!!!

Pense naquele ditado: pra todo problema há uma e somente uma solução e quase sempre essa solução é a errada.
Então, é isso. Quer resolver o pequeno problema que aflige alguns milhares de cidadãos voltados para a produção de música autoral campineira e que não encontram quem compre seus CD´s, vá aos seus shows ou lhes dê um mísero "curtir" diário em suas publicações na rede? É só dizer que o público é burro e....pronto! Problema resolvido!........
Não é por aí, óbvio.

Bem, se esse não é o problema, qua(is)l ser (ão) á?

Donos de bar que não "bancam" noites autorais fazendo divulgação decente? Falta de apoio do poder público para a produção artística local? Crise econômica que impede que quem consome cultura o faça num nível que ajude a criar uma comunidade criadora minimamente estruturada? A grande mídia tomou conta de tudo e só promove/incentiva que gera produtos fáceis de se vender?

Bem, como você pode ver, o problema é um "tiquinho" mais complicado do que parece à primeira vista.
Vou escrever brevemente sobre esses temas nas próximas semanas mas aguardo sua opinião.


Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O ARCO-ÍRIS DE CORES INFINITAS

Nos encontramos pra tomar café da manhã numa padaria por que......bem, nós dois amamos padaria. Eu fui de pão com manteiga sem chapa com café preto. Ele, mais disposto, pediu coxinha, vitamina e uma média.
Ele me falou sobre como estavam as coisas na família. Gosto muito da mãe dele, pessoa forte e decidida, o criou com muito carinho, deu um sacode nas adversidades que não foram poucas.
Falamos sobre nossas mudanças de visual, ele muito mais dedicado a isso, eu acordando pra algumas coisas só agora.
Daí ele me mostrou umas fotos e vídeos de outra paixão que temos em comum: cachorros. Ele já teve vários vira-latas (street dog, como ele os chama) mas agora tava com um husqui siberiano maravilindo. O companheirismo, alegria e esperteza dos caninos cativa-nos de uma forma quase mágica.
Quando ele me falou de seus projetos musicais, ouvi com atenção porque mesmo não sendo da minha praia, suas canções têm potencial se chegarem aos ouvidos certos. Disse o que eu achava de alguns vídeos onde ele canta suas músicas tocando violão.  Dei uns toques sobre captação, montagem de acordes, arranjo vocal, etc. Tomara que tenha ajudado de alguma forma.
Daí divagamos sobre mais outro tópico que também nos une: Chico Buarque.  Fizemos um “top 10” ali na hora e comparamos pra ver o que batia. “Geni e o Zepelin” foi top 3 pra mim e top 5 pra ele!
Já era quase hora do almoço e marcamos de continuar a falar-nos, mesmo que por Skype, sobre a vida, outros assuntos, quem sabe até sobre Física, assunto sobre o qual, ele, mezzo gênio matemático, pode me ensinar muito. Eu, mesmo idolatrando salve-salve a Física e a Astronomia, só as persigo através de livros de divulgação científica. Ele pode ler os artigos, ou pelo menos a parte matemática dos artigos, com chance muito maior de os entender do que eu. Acho isso lindo. Ele é fã do Tesla.
Como a correria não para, a gente teve que se separar, eu indo pra dar aulas e ele pra ter aula na facul de engenharia elétrica, último ano.
Detalhe: dentro da concepção polarizada que toma conta das discussões políticas atuais, ele seria um “coxinha” e eu um “petralha”.
Imprecisas essas classificações, claro. A bem da verdade, ainda sou filiado ao PSTU. Me filiei pra evitar que, devido aos números insuficientes de filiados, cassassem o registro do partido, lá nos anos 90. Hoje não tenho mais uma ligação com a extrema esquerda por vários motivos que não cabem dizer aqui. Votei no Lula 5 vezes e na Dilma 2 mas espero sinceramente que eles paguem caro pelos erros que cometeram. Honestamente, não acho que dê pra dizer que eu seja um “petralha”.
Ele, por sua vez, se declara um liberal. Diz que simplesmente não aceita que ninguém diga a ele como viver. Quer o chamado estado mínimo, privatizações e meritocracia mas é a favor da liberalização das drogas, descriminalização do aborto e da eutanásia.
Por que eu escrevi este texto num espaço destinado a música autoral?
Porque, pra mim, política envolve tudo. E quando eu digo tudo estou falando da escolha da marca da manteiga no supermercado, a briga com o flanelinha pra não pagar os 10 real, uma viagem, o livro que se lê ou a música que se ouve. Tudo passa por, está enviesado por, é influenciado (ou influencia) por, cresce ou some por causa, em última análise, de política.
E pra quem faz música, isso é ainda mais fundamental. O compor é um ato político, o se apresentar é um ato político, o filmar, o roteirizar, o ensaiar.....Tudo é político, tudo é política.
Mas a política acontece na relação entre pessoas. Que são complexas. Que não podem ser rotuladas simplesmente por uma única palavra.
Como é o caso que descrevi acima.
Ou seja: eu sei bem o que eu quero em política. Se você também sabe mas pensa de forma diametralmente oposta a mim.......mesmo assim o contato ainda pode existir.
Procuremos, o quanto possível, o que nos une.
A música, por exemplo.
“Come as you are.......”

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.



domingo, 23 de outubro de 2016

PADRÕES

"O que é isso?", perguntou Warner Reis
Eu, meio que orgulhoso, tentei vestir o colete de tergal cinza pra lhe mostrar o caimento.
"Eu usava este colete quando tocava blues com a The Hollers!"
Ele fez uma cara muito severa, pensou por uns segundos e, elegantemente disse:
"Não vamos usar isso"
"Ok, vou dar pra alguém então"
"Não, joga fora mesmo"
Conto isso pra vocês verem até onde fui na revisão do guarda-roupas pra shows.
Essa e outras peças eu nem cheguei a vestir. Seja pelo tecido, modelo, cor, tamanho ou seja lá o que, não batiam com o conceito que havíamos discutido, acertado, definido, alinhado,
Sobrou pouca coisa. Duas calças, duas camisas sociais, 3 camisetas. Tudo preto ou cinza.
Ele demonstrou ter ficado bem desanimado com o resultado porque minhas opções de variação de figurino ficaram mínimas.
Tinha uma bata branca que eu gostava muito e ele também gostou. Mas daí ele disse que precisava cortar as mangas. E rever o comprimento. E acertar o caimento dos ombros. E mudar a gola. E por um botão....
Bem, claro que eu, estupefato, acabei perguntando:
"Nossa, se vai mudar tudo isso, compensa ficar com a peça?"
"Ah, mas os padrões de relevo do tecido são tão bonitos....."
Ele sugeriu acessórios: óculos, algo para o punho, um colar de prata, cintos.
Na medida do possível, fomos incorporando esses elementos. Mandei fazer um pingente
com o logo do projeto.
E descobrimos uma promoção de blazers. Gostamos de vários. Eu quis comprar só um verde mas
Warner me fez levar um marrom também. Quem chegou a me ver com os dois nem nota o verde mas baba pelo marrom.....
Então, gente, não consigo realmente encontrar algo nesse processo de construção de um figurino que não seja, de alguma forma, uma extensão do trabalho que faço com música.
Notas, frases, riffs, harmonias, arranjos, formas, timbres, improvisos, convenções........& tecidos, cortes, cores, combinações, acessórios, jogos de referências.......isso tudo pode e deve fazer parte de um todo (estranhamente - sincronicamente eu diria - Totalidade é o tema do próximo CD......).
Se você quer dizer alguma coisa, diga de forma clara. Se os elementos do discurso, todos eles, estiverem em desacordo, sua mensagem não será clara.

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que ama. Adeus.

domingo, 9 de outubro de 2016

IMAGEM

Ok, então, pra evitar discussões, vamos começar assim:

"Há artistas que não se importam ou que dizem não se importar com sua imagem, seu visual, suas roupas - E ESSA É UMA OPÇÃO TOTALMENTE VÁLIDA, JUSTIFICÁVEL, PLAUSÍVEL"

Depois dessa solene declaração, passo a lhes falar um pouco sobre minha (recente) preocupação com apresentação pessoal no que se refere a figurino, cabelo e cuidados estéticos.
Eu me insiro naquele grupo de artistas que entende que o jogo é extremamente desleal e injusto mas que vai jogar o jogo (até certo ponto), seguir as regras (nem todas, nem sempre) e perseguir os objetivos normalmente traçados pelos músicos (mas só os objetivos que guardem um relação direita com meus objetivos pessoais).
Nesse contexto, o cuidado com uma produção visual coerente e bem acabada é pra mim, hoje em dia, muito importante.
Nunca me senti especialmente capaz de atuar nessa área relacionada com o figurino até porque, em meus anos de formação, obviamente fui me aprofundando e me especializando naquilo que me era naturalmente mais fácil: Música!!!
Porém, acredito que minha atuação como músico compositor intérprete de suas próprias canções pode e deve se manifestar como algo amplo, abrangente, total, onde todos os elementos da carreira guardem uma coerência entre si.
Dessa forma, música, performance, figurino, luz, arte gráfica e tudo mais que formam a vivência do artista, deve se fundir para se oferecer aos olhos e ouvidos do público como um conceito total.
Essa minha nova vivência foi totalmente influenciada - diria até redefinida - pela atuação de Warner Reis, que com sua dupla formação em artes plásticas e moda, me ajudou a rever meu guarda-roupas e me encaminhou a uma grande maquiadora e cabeleireira (Sheila Sanches). Acessórios e detalhes no visual foram novidades importantes.
Falarei mais sobre isso em breve.

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

POUCA MÚSICA

Faço poucas músicas.
Tenho um CD, lançado em 2009, após 12 anos de trabalho. Ele se chama "O Culto à Ciência", tem 15 canções. Já fiz umas 10 para o próximo CD, que terá 29 músicas. Fora isso, uma centena de projetos que talvez virem músicas.
Ou seja, em toda minha vida não devo finalizar mais do que umas 120 músicas e lançarei, se tanto, umas 60.
Isso já me preocupou muito.
Eu via bandas à toda, lançando discos todo ano ou pelo menos a cada 2 anos. O Queen, por exemplo, chegou a lançar 2 álbuns por ano na década de 70. Muitas outras bandas também fizeram (e fazem) isso.
Em entrevistas com artistas contemporâneos de Campinas, vi que, enquanto Fabiano Negri está no 1.o CD de uma trilogia, a ser gravada em uns 2 anos, eu estou torcendo pra acabar uma certa canção antes do final de 2016.
Enquanto Amyr Cantusio lançou dezenas de trabalhos e tem uns 20 pra transformar em CD, eu ainda fico com a sensação de que poderia até cortar alguma coisa e deixar o próximo trabalho ainda mais enxuto.
Enquanto alguns outros amigos compositores já tem registrado canções que passam das centenas, eu........bem, eu sempre acabo perseguindo minha tendência à concisão.
Mas, depois de pensar bastante, vi que a história da música é algo que pode nos ensinar muito. 
Doryval Caymmi não compôs 100 músicas. A obra toda de Anton Webern não chega a 4 horas de som. Ou seja: eles tinham algo a dizer. Foram lá e disseram. E só. É um dos caminhos possíveis.
Acho que quem produz muito pode não apenas ter mais a dizer do que eu como também, provavelmente, gosta e precisa falar das mesmas coisas várias vezes, de formas diferentes.
Eu acho que o que eu tenho pra dizer não é muito, apesar de também achar que são coisas que precisam ser ditas. 
E acredito que 50 canções de 4 minutos podem ser mais do que suficientes pra dizer tudo o que preciso dizer.
As coisas ficam mais difíceis quando eu compartilho com vocês o plano de não fazer mais músicas sobre relacionamentos, sentimentos e emoções românticos. Ainda estou totalmente interessado em cantar Física, Astronomia, Filosofia, Matemática, Cinema, Poesia.
Te convido a vir comigo nesse trajeto. Vou gostar de te ter por perto.

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.