domingo, 25 de fevereiro de 2018

O MOMENTO DA CRIAÇÃO

Fiz uma música muito boa. Espero poder mostrá-la em breve.
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Ao ouvi-la, Viviane me perguntou sobre o processo de composição, como eu cheguei àquelas notas, acordes, ritmos.
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É difícil descrever esse momento porque ele é por demais.......como explicar?.......simples!
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Esclareço que essa música é sobre um texto do Leminski. E acho que as coisas podem começar por aí: você e uma frase, verso ou poema que te toca.
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Daí pra frente, tem o artesanato de casar cada sílaba ou grupo de fonemas com uma nota adequada. Adequada pra você que a escolhe, claro, isso é muito pessoal.
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Eu descrevendo o processo desta forma, parece algo fácil de se fazer. Na realidade não é fácil: é facílimo.
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"Então porque todo mundo não o faz", perguntaria você.
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Medo.
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Em minha opinião, artista é quem diz que é artista. E pra você, em espírito e em verdade, dizer pra você mesmo que é um artista e ficar em paz, tem que se dar ao trabalho de passar por essa experiência de ter contato com o que é realmente simples na vida. O que é simples na música, nas letras, nos movimentos, na atuação.
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Muitos, quando veem um artista trabalhando, ficam boquiabertos com a quantidade de tempo e dinheiro que perdemos com coisas não "úteis". Essas pessoas nunca libertarão o artista que há nelas.
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Outros sempre criarão algo e imediatamente porão aquela "obra" sob o julgamento dos outros e, pior, um julgamento interno que simplesmente mata a expressão antes mesmo que ela se manifeste. Bye bye expressão pra esses também.
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A raiz da palavra anestesia é a mesma que gerou a palavra estética. Mas note que esse "a" como prefixo da palavra anestesia significa negar o sentido da palavra seguinte, estesia (capacidade de perceber o sentimento da beleza). Se você não admira, consome, produz, divulga, incentiva a Beleza, cuidado: você pode estar anestesiado e nem sabe!
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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domingo, 18 de fevereiro de 2018

O DRAMA IDADE X FAMÍLIA X CENA

Cara, eu iria a todos os shows autorais da cidade, sem faltar a nenhum, se pudesse.
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Porém, às vezes realmente não dá. Não tem jeito, com o passar do tempo as coisas ficam mais complicadas.
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Quando se está na casa dos 20 e poucos anos, ir pra balada e, dentro disso, prestigiar bandas originais era quase que um imperativo pra mim. O tempo passa, a vida segue, você continua ávido por novidades, seguindo como pode o que tem de novo sendo produzido mas por vários motivos já não consegue estar tão presente quanto antes.
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Não pretendo esgotar o assunto, vou me ater a somente um dos fatores que impedem que a gente, com o tempo, continue a seguir com a mesma frequência os shows, autorais ou não, que rolam na região.
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Ao formar uma família, acho que deve se levar em conta que você está começando uma coletividade. No início, claro, é só você e namorada (o)/noiva (o)/qualqueroutrotermoquevocêqueirausar. Como a gente se aproxima por identificação, é comum vermos casais seguindo na rotina de shows, festas e festivais de música autoral ou cover.
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Mas com o casamento, filhos, vida profissional que se aprofunda, o mesmo tempo que você tinha antes tem que agora ser dividido entre tudo o que vocês gostam (você, mulher/marido e filharada). E, por uma questão de respeito (e motivação emocional, claro), acho que esse tempo tem que ser dividido de forma que o interesse de todo mundo do clã seja minimamente atendido. Isso significa visita a parentes, saída só a dois (sem filhos), levar a criançada pra algum lugar que eles gostem, etc. etc. etc. 
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É improvável achar que todas as horas livres que uma família tiver pra curtir junto será usada apenas rodando a agenda autoral na cidade. Isso chega num ponto em que você pode ficar meses sem conseguir ver nada que esteja acontecendo de legal na cidade. Sem ver ao vivo, claro, porque, pelo menos eu, bisbilhoto a rede direto pra ver fotos, vídeos e textos sobre o que acontece por aí.
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E é por isso que eu fico animado quando vejo um evento de música popular, especialmente de rock and roll, que tenha grande presença de crianças e adolescentes. Isso significa que a gente pode até não conseguir seguir tudo o que rola pessoalmente mas tem uma nova geração sendo formada, que prestigia novos sons porque se identifica com o lance da criação, da originalidade.
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domingo, 11 de fevereiro de 2018

MEU PRIMEIRO SHOW!!!

Eu sempre compus mas comecei a realmente anotar as músicas no papel só lá pelos 18 anos.
Mostrei minhas canções pra pouquíssimas pessoas em minha adolescência.
Quando vim pra UNICAMP estudar Composição, achava que iria seguir na chamada música erudita.
Logo vi que ela é uma paixão eterna, o início e fim de tudo, mas em meu dia a dia eu iria trabalhar com música popular.
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Eu tinha muita insegurança de mostrar o que eu criava para os outros.
Na época eu sentia que uma rejeição às minhas ideias seria algo muito difícil de lidar.
Então, compunha e tocava e gravava sozinho em meu quarto. 
A maioria das coisas que fiz ainda só existe em partituras e trechos de demos.
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Transformações pessoais profundas me levaram a conseguir formatar 15 músicas e as lançar em 2009.
Venci qualquer temor pela receptividade do CD. Até passei a brincar com isso pois vi que a única saída pra quem mexe com criação é ter em mente que ninguém no mundo vai fazer nada parecido com o que a gente faz. Para o bem ou para o mal. Então, viva a diversidade!
Fiz um show pra lançar o CD em Agosto de 2009 no teatro Bento Quirino.
Eu tinha 42 anos.
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Mas antes desse show, em Maio de 2009, me apresentei num evento chamado Música que Rola (MQr) que era uma reunião mensal dos compositores de Campinas. Todo mês um artista era convidado pra abrir o evento com um pocket show.
Já havia tocado algumas de minhas músicas com uma banda de São José dos Campos, minha terra, anos antes mas só ficou nos ensaios. Ao vivo, nunca.
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Então esse MQR foi minha estreia tocando e cantando músicas minhas, acompanhado de banda (na época eu os chamava de banda SPIN-OFF). Meu nome artístico, inclusive, era Reverendo Ton, uma ideia que eu achava boa, inspirada nos vários reverendos profanos americanos que faziam música agressiva e de confronto. Por aqui não deu certo, virei Wton, os crentes brasileiros não perdoam.
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O show em si foi rápido mas intenso. Tocávamos em 5: eu no teclado e voz, Andrés Zúñiga na guitarra e back vocal, João Martini no baixo, Freddy Bueno na outra guitarra e Pablo Pezoa na batera. Um click para o Pablo sincronizava tudo e liberava o som de sintetizadores pré-gravados na hora certa.
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Não fiquei nervoso. Me prometi que não faria uma baixaria dessas: anos me preparando pra uma coisa e deixar que uma tremedeira qualquer estragasse tudo?
Notei que a coisa tinha potencial. Afinal de contas, arrastar esses instrumentistas pra tocar música autoral de grátis numa segunda à noite não era pouca coisa.
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Dos amigos que lá estiveram, registrados em fotos num álbum que posto hoje em minha página Wton no facebook, só recebi apoio, incentivo, energia. Poucos mas especiais. Essenciais. 
O caminho que veio depois foi, em grande parte, devido à força que eles me deram.
Nenhum vídeo, pena.
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Sim, faço poucos shows. Mas se todos forem iguais a esse primeiro, tudo bem, vale a espera.
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domingo, 4 de fevereiro de 2018

ROCK NA CONCHA - COMO FOI O DE JANEIRO DE 2018

Deixa eu compartilhar algumas impressões sobre o evento, ocorrido em 28 de janeiro último na Concha Acústica do Taquaral em Campinas.
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Primeiro: legal que tinha tanta criança, negros e mulheres. Não, meu amigo, este não é um papo de alguém louco por causas sociais, militante inveterado que fica à espreita em qualquer evento pra denunciar eventuais desvios ideológicos. É mais simples que isso. Explico.
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Os estilos morrem por falta de novos adeptos, sabia? O blues, por exemplo, tá indo pro beleléu cá em Pindorama. Até tinha um bar com blues no nome tempos atrás na cidade. Hoje, um bar que privilegie ou mesmo abra espaço em sua programação pra bandas só de blues não conseguirá se manter. E talvez nem encontre bandas suficientes pra montar a programação! Então, que bom que tinha muita gente até uns 20 e poucos anos. Sinal que tem público novo sendo formado para nosso amado rock and roll!!!
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E quanto à população negra nos shows? Sim, não eram muitos, uns 10% do total. Bem, o rock nasceu com os negros americanos mas aqui no Brasil foi encampado por jovens da periferia e da classe trabalhadora, brancos em sua maioria. Como há outros movimentos musicais na cidade que disputam a atenção do jovem negro (rap, samba e funk, por exemplo), claro que é normal que não houvesse muitos negros lá. Mas seria péssimo se não houvesse nenhum!
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E meninas? Cara, o rock tem que continuar a ser desbravado pelas mulheres até que ele reflita numericamente a sociedade, 50% de cada gênero. Por isso foi lindo ver muitas meninas curtindo e algumas no palco fazendo música. 
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Quanto às bandas, cara, coisas realmente muito boas rolaram. Eu vi ao vivo Rocket Five, Bob do Rock e Lippo à Vapor. Sons muito bons, estilos bem diversos, muita pegada, atitude a mil, realmente foi pra lavar a alma. Grupos extremamente profissionais e talentosos.
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Mas fica um porém aqui que provavelmente os organizadores já sacaram: o som. Não é que estava ruim. O que aconteceu é que mesmo que o técnico que operava o equipamento fosse muito bom, não dava pra ele acertar a mão em todas as bandas. Os detalhes são muito específicos, cada grupo tem sua pegada, seu jeito de organizar as coisas e ainda por cima não havia tempo pra passagem de som adequada! Então, a banda com mais experiência nisso, devido à história de seu guitarrista lendário, foi a última (Lippo à Vapor). Eles levaram seu próprio técnico e daí tudo ficou melhor: dava pra ouvir com distinção todos os instrumentos, a voz ficou nítida e o volume geral nem precisou ficar extremamente alto pra fazer a adrenalina do povo ir às alturas.
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Acho que isso é tipo uma aula pra nós, que temos bandas que tocam por aí nas mais diversas situações técnicas: o cara da mesa de som é tão importante pro sucesso da apresentação quanto qualquer um dos músicos!!!
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Foi um grande evento!!! Estávamos precisando dessa iniciativa na cidade há tempos. Pretendo ir aos outros, levar meus alunos e amigos. Vá também, é um ótimo programa que nem a chuva conseguirá atrapalhar (como não atrapalhou!!!).
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Long live rock and roll!!!!
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