segunda-feira, 7 de outubro de 2019

A PRIMEIRA MÚSICA DO SHOW DE LANÇAMENTO DO PRÓXIMO DISCO ERA PRA SER CANTADA PELADO

Sim, o show era pra começar assim: a projeção de uma poesia, depois um trecho de uma entrevista de David Bohm e daí começaria a música "A Totalidade sem Costuras", canção que abre também o disco.
.
No planejamento geral do show (sim, ele já está todo montado. Não aconteceu ainda em parte por sua causa, dileto leitor. Sem curtidas, compartilhamentos e envolvimentos, um artista não faz nada hoje em dia. Ou seja, está em nossas mãos acontecer), eu entraria nu cantando essa música.
.
Essa performance foi construída pensando-se em canalizar a atenção do ouvinte totalmente para a canção em si que é, provavelmente, a melhor que já fiz. Eu não queria que ninguém ficasse olhando pros instrumentistas e por isso eles estariam no escuro. Não queria que as luzes brigassem pelo olhar do povo, luz branca em mim o tempo todo então. E o figurino não poderia também roubar um segundo que fosse da concentração da plateia com sua diversidade de tecidos, cores, formas e caimentos.
.
"Mas daí todo mundo iria ficar olhando pra sua nudez", diria alguém traduzindo um pensamento quase que geral.
.
Mas, pergunto, quanto tempo você consegue ficar olhando pra alguém pelado? Quer dizer, já cogitei um mestrado baseado em pornografia e acho interessante a arte pictográfica erótica/sensual mas não é disto que eu estou falando. Estou falando da nudez comum, trivial, diária: quanto tempo você consegue se deter em observar um corpo humano desnudo?
.
Eu acho que se você não tem nenhuma patologia psicológica grave, não é um adulto com travas sexuais muito severas e já parou pra pensar que em baixo das roupas das pessoas há corpos semelhantes ao seu, a nudez não iria ocupar mais que alguns preciosos segundos, caso você me visse cantando uma música "em pelo".
.
Depois da "novidade" inicial de receber um intérprete nessa condição, fatalmente aconteceria um acordo tácito entre palco e plateia de que não haveria nada pra se ver ali que não o som e os movimentos. Sim, é o mesmo pênis e escroto e bunda que todos os homens tem. Quer dizer, que todos os homens cinquentões não marombados tem . Um corpo normal. Só um corpo. 

E olha que não tenho nada contra os corpos bem esculpidos e torneados. Admiro quem os trabalha dessa forma mas simplesmente não é minha ação sobre o meu próprio atualmente.
.
Aprendi o sentido desse tipo de atuação com os santos da sociedade, os atores, que, em todas as peças que vi em que eles atuaram nus, me esbofeteavam simbolicamente o tempo todo como que a dizer "mas como você é otário, hein, cara??!! Notou como é ridículo você ficar pensando em minha genitália enquanto o real da ação humana está nas nossas interações?".
.
Sim, a herança cristã em minha formação cobra um preço caro periodicamente.
.
Veja também que respeito imensamente a arte do figurino, aquela que adorna, cobre e enche de outros significados o corpo! Ela pode, às vezes, cobrir tudo ao olhar direto porque, cenicamente falando, não ver nada dos corpos pode ser também necessário.
.
Então é isso: o show seria aberto assim mas não o será porque um dos objetivos é vendê-lo pra projetos de leis culturais que, obviamente, caso haja nudez, o classificarão como "impróprio pra menores", o quê não é o meu objetivo. Os adolescentes não sabem disso mas eles precisam mais de Física do que de sexo.
.
Último aviso: numa roda onde haja só adultos, em espaço que não seja público, nunca me desafiem a provar que nudez pra mim é algo, digamos, "normal".
;
Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
INSTAGRAM: @wtonoficial
SITE: wton.mus.br
FACEBOOK: facebook.com/wton27 
CANAL YOUTUBE: Wton