Provavelmente no próximo final de semana, no máximo no outro, devo terminar de arranjar todas as músicas do meu próximo CD, "A Totalidade sem Costuras". E já dá pra ver que, de tudo o que aprendi no processo, 3 lances se sobressaem:
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1) A era dos álbuns conceituais acabou. O lance é lançar uma música com o melhor vídeo possível o mais rápido que se puder. As redes sociais levaram as coisas pra esse lado. Mas, veja bem, isso é o que é o melhor pra ser feito pra alguém que quer surfar na onda do mercado. Eu sempre terei muita dificuldade em abrir mão de criar um ciclo de canções que tenham algo em comum e que dê a esse grupo um quê de organicidade. Sou um músico velho que não consegue se adaptar às mudanças? Talvez, no final do caminho veremos como ficaram as coisas.
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2) Amo Ciência. Faço música pensando nela. Mas sou ateu. Um ateu bonzinho, que não briga mais com religiosos e até se preocupa em entender a cabeça dos teístas. Um ateu que não enxerga a fé como algo necessariamente própria de pessoas burras. Mas ateu. Não pretendi criar 33 canções didáticas, pra tentar explicar as maravilhas da Física. Só quis (quis não, fui levado à: não conseguiria viver sem fazer o que fiz) pôr em sons e palavras o MARAVILHAMENTO que sinto diante desses que, pra mim, são os assuntos mais interessantes do mundo para sempre amém. Mas há os que entendem a mesma natureza objeto da Ciência pela via mística, esotérica, pseudo-científica. É um direito deles mas não é a minha vibe. Só que palavras......palavras são capciosas, nos passam a perna direitinho. Então......aprendi que explicar meu desbunde diante da Ciência da forma que fiz vai gerar uma zona cinzenta no entendimento das letras que certamente farão com que elas sejam interpretadas, tanto por cientistas quanto por místicos, como algo místico e nesse ponto minhas músicas terão falhado porque o objetivo não era esse, era o oposto.
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3) Sou muito racional. Já tentei até ser mais do que sou mas veio um abrandamento dessa tendência com o passar dos anos. Mesmo assim procuro resolver as coisas usando a razão, o conhecimento, o bom senso. Isso, em música, gerou um musicista que não improvisa. Por improviso, digo aos leigos, me refiro àquele tipo de música onde, no domínio de muita técnica e conhecimento teórico profundo, aliado a um senso estético sensível e inventivo, o músico cria ali, em tempo real, na frente de todo mundo, frases, melodias, encadeamentos e até canções inteiras, sem nenhuma preparação específica.
Eu, não. Todos os sons sempre foram estritamente calculados, meticulosamente pensados, as conjunções foram testadas inúmeras vezes e assim, o que chegava ao seu ouvido, sempre era o que eu tinha certeza de que era pra ser mesmo.
Neste CD, a surpresa: muito do que você vai ouvir é simplesmente fruto de improvisação. Solos, linhas melódicas, sucessões de acordes, escolha de timbres: fiz de primeira e não mexi mais. Isso foi revolucionário pra mim. Dá até a impressão de que, se eu estudasse piano ou violão, poderia chegar a tocar bem!
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Será que você vai notar essas 3 nuances ao ouvir o CD? Me conte, ok?
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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