segunda-feira, 22 de abril de 2019

TRÊS LIÇÕES QUE SÃO UM SOCO NA CARA

Provavelmente no próximo final de semana, no máximo no outro, devo terminar de arranjar todas as músicas do meu próximo CD, "A Totalidade sem Costuras". E já dá pra ver que, de tudo o que aprendi no processo, 3 lances se sobressaem:
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1) A era dos álbuns conceituais acabou. O lance é lançar uma música com o melhor vídeo possível o mais rápido que se puder. As redes sociais levaram as coisas pra esse lado. Mas, veja bem, isso é o que é o melhor pra ser feito pra alguém que quer surfar na onda do mercado. Eu sempre terei muita dificuldade em abrir mão de criar um ciclo de canções que tenham algo em comum e que dê a esse grupo um quê de organicidade. Sou um músico velho que não consegue se adaptar às mudanças? Talvez, no final do caminho veremos como ficaram as coisas.
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2) Amo Ciência. Faço música pensando nela. Mas sou ateu. Um ateu bonzinho, que não briga mais com religiosos e até se preocupa em entender a cabeça dos teístas. Um ateu que não enxerga a fé como algo necessariamente própria de pessoas burras. Mas ateu. Não pretendi criar 33 canções didáticas, pra tentar explicar as maravilhas da Física. Só quis (quis não, fui levado à: não conseguiria viver sem fazer o que fiz) pôr em sons e palavras o MARAVILHAMENTO que sinto diante desses que, pra mim, são os assuntos mais interessantes do mundo para sempre amém. Mas há os que entendem a mesma natureza objeto da Ciência pela via mística, esotérica, pseudo-científica. É um direito deles mas não é a minha vibe. Só que palavras......palavras são capciosas, nos passam a perna direitinho. Então......aprendi que explicar meu desbunde diante da Ciência da forma que fiz vai gerar uma zona cinzenta no entendimento das letras que certamente farão com que elas sejam  interpretadas, tanto por cientistas quanto por místicos, como algo místico e nesse ponto minhas músicas terão falhado porque o objetivo não era esse, era o oposto.
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3) Sou muito racional. Já tentei até ser mais do que sou mas veio um abrandamento dessa tendência com o passar dos anos. Mesmo assim procuro resolver as coisas usando a razão, o conhecimento, o bom senso. Isso, em música, gerou um musicista que não improvisa. Por improviso, digo aos leigos, me refiro àquele tipo de música onde, no domínio de muita técnica e conhecimento teórico profundo, aliado a um senso estético sensível e inventivo, o músico cria ali, em tempo real, na frente de todo mundo, frases, melodias, encadeamentos e até canções inteiras, sem nenhuma preparação específica. 
Eu, não. Todos os sons sempre foram estritamente calculados, meticulosamente pensados, as conjunções foram testadas inúmeras vezes e assim, o que chegava ao seu ouvido, sempre era o que eu tinha certeza de que era pra ser mesmo. 
Neste CD, a surpresa: muito do que você vai ouvir é simplesmente fruto de improvisação. Solos, linhas melódicas, sucessões de acordes, escolha de timbres: fiz de primeira e não mexi mais. Isso foi revolucionário pra mim. Dá até a impressão de que, se eu estudasse piano ou violão, poderia chegar a tocar bem!
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Será que você vai notar essas 3 nuances ao ouvir o CD? Me conte, ok?
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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segunda-feira, 15 de abril de 2019

FIM DOS TEMPOS

No caso, fim dos tempos dos arranjos. Sim, estou a alguns poucos dias de terminar os arranjos das 33 músicas do meu próximo CD.
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Antes de continuar, contudo, só uma breve explicação do porquê da interrupção por várias semanas dos textos deste blog: gente, se sempre foi difícil a vida pra quem lida com Arte & Entretenimento no país, de uns meses pra cá a coisa ficou simplesmente insustentável. Não estou imune às inacreditáveis dificuldades que assolam músicos, atores, bailarinos e artistas plásticos e esse momento bateu fundo. Sabe daquela história "ah, que nada, tudo passa!"? Então, nós perguntamos: será?
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Tentemos, irmãos, tentemos. Só nos resta isso.
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Agora, retomando este momento de aproximação daquela hora onde postarei um vídeo comemorando o fato de ter dado uma forma definitiva a todas as músicas do ATSC ("A Totalidade sem Costuras", nome do próximo disco)....
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Há uns dois anos atrás, disse pra Vi que eu não queria morrer sem compor as músicas desse disco  simplesmente porque não queria que ficassem pros amigos e seguidores simplesmente frases soltas sobre como seriam as canções, do que tratariam, como seriam as formas, timbres e tudo mais que envolve a feitura de uma obra sonora.
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Então, quando consegui terminar de compor as músicas, lá pro meio do ano passado, disse pra ela que eu já podia morrem em paz: quem quisesse conhecer as canções era só pedir pra alguém que lê partituras pra tocá-las.
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Mas, ficaria a dúvida: se Wton estivesse vivo e arranjasse as canções que compôs, como elas soariam? 
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Estamos neste momento agora. Caso eu me fosse neste momento, você saberia como eu gostaria que as canções fossem gravadas ao ouvir as demos que tenho produzido. Tá tudo mal gravado porque são demos, claro, mas já há ali uma ideia completa de forma, instrumentação, de arranjo.
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Mas....
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Mas e se eu morrer antes de gravar esses arranjos num estúdio profissa? Sim, se poderá ouvir a demo e dizer "olha, este trecho ele queria que ficasse deste jeito", baseado no som da demo, supondo que amigos se dispusessem a terminar as gravações.
Porém, o som de um disco, ao entrar no estúdio, mesmo seguindo todas as anotações que o autor fizer nas partituras, mesmo que as demos sejam muito completas, ficam muito diferentes se gravadas pelo próprio compositor ou por outras pessoas. As opções por nuances de interpretação, sonoridade, pegada e, principalmente, mixagem e masterização, deixam o trabalho com a cara de quem está fazendo essas coisas.
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Logo, espero não morrer antes de gravar o CD.
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Mas e se eu gravar e morrer depois? Ah, tudo bem, né? Já estarei com o trabalho materializado, deixei tudo com a minha cara, não é mesmo?
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Mas e como seriam os shows, as músicas interpretadas ao vivo pelo próprio compositor? E as novas versões das mesmas músicas, como ficariam? E as adaptações a novos formatos, coisa tão necessária ao momento restritivo atual? E como seria um próximo grupo de canções em relação às músicas deste disco? E como seria minha postura em relação à tudo isso no final de uma vida inteira fazendo música?
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Espero responder a esta última pergunta pessoalmente. Pretendo ficar por aqui por enquanto.
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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