segunda-feira, 28 de agosto de 2017

PRA BOM ENTENDEDOR......

Pra quem sabe enxergar, pra bom entendedor, qualquer situação pode ser fonte de aprendizado.

Com os shows que fiz em 2017 foi assim: valeram pra me mostrar coisas essenciais, algumas delas irão me acompanhar daqui pra frente.
Vou falar suscintamente sobre algumas delas:

SEMPRE TRABALHE COM OS MELHORES: se você pretende tocar em grupo de forma profissional, deixo uma sugestão: entre tocar com amigos chegados que não são bons músicos e tocar com gente desconhecida mas extremamente competente......bem, escolha o segundo. É melhor sempre ter o talento por perto, nada o substitui. Você pode até dizer que eu só digo isso porque estou numa condição cômoda: tanto Pablo quanto Beto ou João, além de serem excelentes, são colegas de longa data. Mas isso foi uma sorte que tive. Se não puder algum dia contar com eles, tentarei contratar os melhores instrumentistas que puder, mesmo que eles não sejam meus amigos. Vai por mim, tudo fica mais fácil assim.

BUSQUE TOCAR ONDE VÃO VALORIZAR SEU SOM: meu primeiro CD se chama "O Culto à Ciência". Toquei no evento chamado "Pint of Science", festival dedicado à divulgação científica em bares. Nem preciso falar muito mais além disso, né? Claro que se eu decidir tocar somente em eventos relacionados à Ciência, vou acabar tendo pouquíssimas chances de me apresentar. Mas o que ficou claro pra mim é que acertar, mesmo que em termos gerais, o lugar certo pra estar e levar seu som, é meio caminho pras coisas tomarem rumo.

INVISTA NO CONTATO COM UM GRUPO MÍNIMO DE PESSOAS QUE SIGAM SUA CARREIRA: experimentei o quanto isso pode ser útil e verdadeiro ao ver um grupo de alunos entrarem no Alzirão uniformizados com uma camiseta que tinha o logotipo de meu projeto. Ganhei até um bolinho (também com o logotipo desenhado em cima) e uma camiseta de presente. Segundo eles, era uma comemoração por eu estar voltando a me apresentar em Campinas, depois de tanto tempo. Ter esse grupo lá, acompanhando, curtindo e me dando força, realmente ajudou em muito!!!

TENHA (BOAS) GRAVAÇÕES AO VIVO EM SEU MATERIAL DE DIVULGAÇÃO: tem a história daquela banda que você sabe que toca mal pra caramba e que de repente aparece com um vídeo com sons e imagem inacreditavelmente bons? Então, claro que tem muito de trabalho de estúdio aí. Pode, inclusive, ter regravações de coisas que ficaram péssimas ao vivo. Então, se você quiser se honesto em sua carreira, pratique suas canções até que você as interprete decentemente ao vivo. E grave com qualidade ao vivo. E edite com sensibilidade. E divulgue mostrando o valor disso tudo. É um diferencial importante, tenho sentido isso.

COMO SE MEDE O SUCESSO? Rios de dinheiro? Fama? Adulação? Exposição na mídia? Bem, pra mim ficou claro que é a expressão de meus sons e minhas palavras é que é o E-S-S-E-N-C-I-A-L! Retorno financeiro é importante. Reconhecimento do valor de minhas criações nunca será algo ruim. Espaço em rádio, TV e jornais  seria algo (politicamente) obrigatório. Mas defender minha paixão - CIÊNCIA - da forma que eu a veiculo - minhas músicas -  é meu objetivo na vida. O resto vai se encaixando.

Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.

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terça-feira, 8 de agosto de 2017

GENTE, PRECISAMOS DAR UM JEITO NESSA BAGUNÇA!!!

Último texto da série, vamos resumir as coisas.

Eu já disse que:

1) Se na vida tudo é passageiro, o que dizer nas Artes? Se ela não mudasse, não se transformasse, não se recriasse, não seria........Arte! Que venham as vanguardas. Mas.....

2) Morrer aos 137 anos de velhice é uma coisa. Morrer as 19 assassinado é algo bem diferente. Hoje não são apenas formas de expressão que estão morrendo. É a sensibilidade do ser humano que está sendo morta. No berço.

3) Não, este não é um discurso que tenta lhe convencer de que existe boa música, que deve permanecer, e existe música ruim, que deve acabar. Todas as músicas (todas as Artes) engendradas pela sensibilidade de pessoas, grupos, povos, devem ter espaço, devem coexistir. Críticas baseadas em preconceitos pessoais podem até fazerem pessoas se sentirem bem consigo mesmas mas não servem pra nada além disso.

4) Se só estão sobrando expressões artísticas que se apresentam obedecendo a critérios como velocidade, fácil assimilação, esparsas fontes de referência, duração reduzida, repetição de fórmulas já consagradas - e características afins - o problema é a capacidade de apreensão do público.

5) O Capital persegue o lucro. Só isso. Considerações de ordem humana, artística, espirituais, estéticas que se lasquem.

Então, dileto leitor, vou usar agora algumas poucas frases que me guiam no entendimento desse problema - O futuro da música autoral - e que são baseadas nos argumentos que apresentei nestes textos:

- não há um "empresário mau" que se recusa a pôr dinheiro em boa arte porque não vai ter lucro. O problema não são as pessoas, é o sistema. Uma sociedade que se guie apenas pela busca de rentabilidade financeira máxima jamais cuidará de seu patrimônio artístico e cultural de forma adequada. Isso simplesmente não interessa ao Capital.

- o funk carioca (tenho que o citar de novo porque, infelizmente, alguns amigos músicos insistem em atacá-lo cotidianamente), que só fala de trepa-trepa, com 2 acordes, a mesma batida, linha melódica insossa e figuras arrogantes o praticando - ELE NÃO É O PROBLEMA, ELE É UM SINTOMA DO PROBLEMA. As pessoas consomem o que existe. Elas se expressam como podem, usam o que tem. E se você puser algo diferente para que as pessoas consumam, terá que investir muito tempo e dinheiro repetindo essa oferta para que elas  aprendam a consumir esse novo tipo de experiência.

- você consegue identificar o tamanho de sua arrogância quando diz que, mesmo pobre e vindo de família sem cultura formal, "tomou a iniciativa" de ir atrás de "boa música"? Será que você não consegue identificar todas as formas de auxílio indiretos e mesmo diretos que você certamente recebeu para conhecer outras formas de expressão musical? Bem, se você, narcisisticamente disser que esse interesse por coisas diferentes é mérito seu, eu só te direi que políticas culturais não se baseiam em méritos pessoais. Elas partem do princípio que há forças econômicas, políticas e sociais que agem tentando direcionar nossos interesses.

-   música autoral nem sempre se baseia em fontes estéticas e culturais profundíssimas e complexas. Mas, só por serem coisas novas, inéditas, acabam sofrendo com essa incapacidade de apreensão de parte do público. Você canta algo diferente e, como o ouvinte não consegue fazer uma referência imediata com algo que já existe.....stop no player!!! Se isso não começar a mudar logo, em alguns anos a capacidade concentração e fruição do povo vai estar tão pequeno que ouvir e curtir coisas mais complexas que Atirei o pau no gato vai se uma façanha.

- se você vive numa sociedade cada vez mais rápida, stressada, doente pela acumulação, totalmente voltada para o consumo rápido e descartável.....ah, cara, não tem como você viver isso o dia todo, em todas as áreas de sua vida, e ter Cultura e Arte que valorizem outras coisas. Você pode ser totalmente capitalista, liberal e coisas do tipo mas acho difícil alguém mostrar como uma sociedade estruturada desse jeito irá produzir apoio, incentivo e valorização de manifestações artísticas que não se guiem pelos imperativos do Capital.

Bem, isso tudo não se resolve apenas com armas do próprio Capital.
Não se resolve apenas com boa vontade.
Não se resolve com iniciativas pontuais, sem continuidade, sem profundidade de análise e ação.
Isso só se resolve com mudanças profundas em nosso modo de viver, trabalhar, conviver, entender o mundo.
Valorização e respeito pelo que é diferente.
Valorização de formas alternativas de se ver a vida, o mundo, o Homem.
Isso só se resolve com um Estado, reflexo dos interesses e anseios do povo, atuante e consciente de suas responsabilidades.
Isso só se resolve pela política.

Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.


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