segunda-feira, 28 de maio de 2018

VOCÊ SABE FAZER ARTE?

"Não", diria a maioria das pessoas. "Só sei desenhar homem palito..."
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O que eu acho que acontece é que as pessoas tem uma concepção de Arte na cabeça que traz mais problemas do que solução.
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No exemplo de expressão visual através de pintura ou desenho, tenho certeza de que quando você dá um pincel ou lápis pra alguém que não se considera artista o que acontece é que há, antes de qualquer coisa, um sentimento de auto-repressão. A pessoa já se bloqueia antes mesmo de começar a se expressar. Recebeu educação ou informação sobre  o mundo do simbólico de um jeito antigo, que fala muito de técnica e não dá espaço pra manifestação da individualidade.
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É como se já estivesse introjetado em nós um crítico que sussurra, antes mesmo que comecemos a produzir alguma coisa, "você não sabe fazer, você não é artista, deixa isso pro fulano que ele é que é bom...."
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Eu deploro essa visão de Arte, claro.
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Eu também poderia dar um outro exemplo. Sabe quando você passa por aquela situação em que você tem que dar um dos filhos e fica numa dúvida imensa? A gente sempre pensa coisas do tipo "caraca, que enrascada: o Joãozinho é tão legal, garoto esperto, tem os olhos da mãe....Mas a Mariazinha também é uma criança tão cheia de vida, tão sensível.....O que fazer?" E a gente sempre acaba escolhendo jogando a sorte dos pimpolhos no cara ou coroa ou dados, não é mesmo?
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O problema ao se "fazer Arte" não é exatamente o que se deve pintar, desenhar, esculpir, tocar, atuar ou dançar. O problema é o que jogar fora.
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Nós, seres humanos, temos uma dimensão inconsciente que a todo momento quer se expressar através das Artes e de outras forma na vida: pesquisa científica, literatura, vivências interpessoais, manifestações espiritualistas, etc. Mas nós também, espécie humana, fomos capazes de construir um sistema de julgamento, nomenclatura, classificação que atinge até essas sutis e delicadas manifestações humanas. E daí, as pessoas acabam sendo postas na defensiva: quando são instadas a se expressar, acabam sempre escondendo sua verdadeira personalidade e buscando seguir a normas inconscientemente impressas em suas cabeças.
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Nesse momento, deveriam jogar fora tudo o que não é delas e deixar que só o que é genuinamente seu aflorasse.
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Precisamos de uma educação libertadora.
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Em meu caso específico, pensando em meu 2.o CD, em fase final de composição, vejo que produzi centenas de bons versos que não entrarão no disco. Simplesmente porque não são uma expressão última e íntima do que quero falar. Mas, cara, é muito difícil jogar fora algumas coisas. Todas querem vir à tona, serem conhecidas, serem gravadas.
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Espero que esse meu trabalho se transforme em algo que algum dia eu (e outros) possam ouvir e dizer: "Poxa, não imagino nada nestas músicas que poderia ser mudado!"
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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segunda-feira, 21 de maio de 2018

VOCÊ PODE FAZER O QUE QUISER!

Se você gosta de Filosofia, pode fazer música que discuta isso. John Cage fez. Ele tem, inclusive, uma música que é só 4 minutos e 33 segundos de silêncio.
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Se você gosta de Metal mas, por incrível que pareça, também gosta de jazz, pode fazer música desse jeito. Já ouviu uma banda chamada "Death"?
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Se você gosta de maconha, pode não só fazer uma música sobre o assunto: faça logo uma banda que só fale sobre isso. Foi o caso do Planet Hemp.
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Se você gosta de estados alterados da percepção, até pra esse assunto você pode criar música: veja a música minimalista de Glass ou até mesmo o Psicoacústica do IRA!
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Se você gosta de sexo, o funk carioca tá aí pra isso. Canções simples, com batidas idem, o tempo todo falando só sobre trepa-trepa.
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Se você gosta de música total, onde tudo tem que colaborar pro resultado final - som, luz, figurino, coreografia, cenografia, performance - isso é ópera.
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Se você gosta de tudo do parágrafo anterior mas prefere algo menos denso, mais atual e direto, tem todo o universo dos musicais.
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Se você gosta de ficar se emocionando com memórias (reais ou não) de amores perdidos, tem o sertanejo com sua sofrência aos borbotões.
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Se você gosta da ideia de deus e quer ficar pensando e falando e vivendo isso o tempo todo, taí o gospel a pleno vapor, crescendo cada vez mais, projetando até uma predominância no mercado dentro de algum tempo.
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Se você gosta de música pop mas que tenha letras inteligentes, seja dançante, boas melodias.....Prince é um desses caras.
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Se você gosta de qualquer assunto que seja, pode procurar que vai acabar achando quem também goste. Se não achar, faça você mesmo essa música.
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Se você não gosta de diversidade, cara, em minha opinião, tem algumas coisas sobre a Cultura e sobre a vida em sociedade que talvez você ainda não tenha assimilado....
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segunda-feira, 14 de maio de 2018

PRA ONDE ESTÁ INDO O DINHEIRO?

Na década de 80 surgiram muitos equipamentos que começaram a facilitar a vida de músicos que queriam gravar suas músicas sem ter que recorrer aos grandes (e caros) estúdios.
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Não vou descrevê-los, apenas dizer que eles ajudavam no processo de gravação ao permitir que você, por exemplo, montasse a linha da bateria em equipamentos específicos ou em seu próprio computador e a levasse quase pronta pro estúdio.
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Sim, no começo a sonoridade era ruim, nada parecida com a dos instrumentos reais mas a coisa melhorou rapidamente. E, para deleite geral de quem produz música, a capacidade de gravação de áudio passou por uma revolução enorme com o incremento da velocidade das máquinas, sua capacidade de armazenamento de dados e a estabilidade do sistema. Isso foi lá pelo meio dos anos 90.
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Sabe o que este trouxa aqui pensou na época? "Poxa, quantos estúdios faliram, estão mal das pernas ou vão falir!!! Que coisa! Quanto técnicos de som, arranjadores, produtores e outros profissionais que trabalham nesses estúdios vão perder o emprego...."
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Eu digo de mim mesmo "trouxa" porque não notei que, na verdade, para a indústria da música, democratizar o acesso ao processo de gravação iria matar os grandes estúdios mas faria aparecer milhões de outros estúdios domésticos pra quem eles iriam passar a vender toda essa gama de aparelhos que antes só vendiam pra alguns grandes estúdios.
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O que eu aprendi com isso? Não nos enganemos: no sistema em que vivemos a grana nunca é compartilhada. Ela sempre flui para as mãos de quem detém os meios de produção do objeto em questão.
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E agora, no início do século XXI, nos deparamos novamente com o mesmo tipo de situação: você, compositor, põe suas músicas no Spotfy ou outro serviço semelhante e a cada audição "ganha" R$ 0,0000000000001 (não fui conferir o número de zeros porque tô muito puto. Se tiver 10 zeros a menos não muda nada a vida do compositor).
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"Ah, mas é uma vitrine.....você põe o som lá, divulga, e se muita gente curtir, as pessoas vão correr atrás de suas outras músicas....". OK, obrigado novas tecnologias e novos modos de veiculação de músicas pelo grande serviço prestado...
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Mas o que pega mesmo é: por que esses serviços de streaming pagam tão pouco pros artistas? Sim, eles dirão que é a única forma de se manterem, que os custos que tem são elevados, que a gente paga pela divulgação de nossos sons em nível mundial e blábláblábláblá.
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Mas precisa pagar tão pouco mesmo? Não dava pra pagar, tipo, 1 centavo por cada audição? Isso já daria uma alavancada crucial na carreira de muita gente. Capitalizaria inúmeros artistas permitindo que eles investissem em mais e melhores produções. 
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"Não está feliz com as condições? Vai pro concorrente". Não adianta, ele oferece as mesmas condições.
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"Monta um sistema pra competir com o nosso onde você pague o que acha justo". Não dá, não sou capitalista (dono de capital), não vou conseguir nem me estabelecer no mercado, os grandes vão me trucidar antes que eu comece.
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Agora vai olhar o lucro dessas empresas. Vai ver quanto, no final do processo, elas estão lucrando (lucrando, não faturando, ok? A diferença aqui é crucial). Estamos falando de BILHÕES, ok?
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Então, só vejo que as coisas neste nosso sistema não mudam mesmo: a grana continua saindo de muitos e fluindo pra poucos, muito poucos. E em quantidade estratosféricas.
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segunda-feira, 7 de maio de 2018

CURAR A DOR DE ALGUÉM

O que você faz na vida cura a dor de alguém?
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Esta é uma máxima que, dizem os especialistas em comunicação, deve dirigir todos os que pretendem fazer chegar aos outros ideias, ideais, visões de mundo ou mesmo programas que se proponham a ajudar no crescimento dos indivíduos (em qualquer área que seja).
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Falo isso tendo em mente a profusão incrível de cursos e produtos similares na internet. Tem gente oferecendo ajuda, remunerada claro, pra tudo quanto é necessidade humana. Culinária, maquiagem, jardinagem, auto-ajuda, oratória, e até as famigeradas "curas quânticas".
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A regra de ouro pra se ter sucesso nesses empreendimentos é sempre a mesma: a qual necessidade você está provendo ajuda? É algo que realmente vai ao encontro de um público ávido por ter essa "dor" sarada?
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Então fiquei pensando: em quê minhas música e textos ajudam a curar alguma dor?
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Daí eu me lembro que há décadas atrás, aos 12 anos de idade, minha "mãe" intelectual, Dona Ana Lúcia, professora de português, me deu uma cópia de uma revista com um artigo sobre a Relatividade de Einstein. 
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Nunca mais parei de, desesperadamente, ir atrás de mais coisas sobre esse assunto e sobre Física em geral, Astronomia, Tecnologia. Depois, uma coisa puxando a outra, Matemática, Filosofia, Poesia e também Cinema. Raramente leio algo que não esteja numa dessas categorias.
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Então eu fico pensando que minha música (e textos) iriam cair como uma luva nos interesses daquele carinha Wellington adolescente que, na época, dependia de artigos em jornal ou (raros) livros na biblioteca da cidade pra saciar sua curiosidade.
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Sim, acabei tomando uma direção na vida onde procuro fazer coisas que matem minha própria sede, minha própria dor. 
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Na verdade, prefiro até a expressão de "busca pelo prazer" do que "curar a dor de alguém" mas não vou discutir com os especialistas.... Se eles dizem que as pessoas se movem mais em busca da cura de dor do que pela busca pelo prazer....
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Mas então é isso: tal qual aquele teenager magrelo joseense nos anos 80, deve ter muita gente espalhada por aí, por esse brasilzão enorme, pra quem meus interesses musicais, artísticos, estéticos, literários e filosóficos tem uma grande relevância. Podem ser até milhares de pessoas mas que estão espalhadas geograficamente por 8 milhões de quilômetros quadrados!
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Basta achá-los.
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Se você for um deles, obrigado por estar aqui. Se não, conhece alguém?
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