domingo, 24 de novembro de 2019

UM BOM DISCO É UM BOM DISCO MESMO QUE EU NÃO GOSTE DO ESTILO

Às vezes eu me surpreendo com minha capacidade de aceitação do diferente.....
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Normalmente não gosto de soul music. E de muita coisa em rhythm and blues. E de rap americano. E até muita coisa no gospel americano não me é especialmente atraente. Não gosto de cada um desses estilos por razões pontuais mas a barreira da língua, a ênfase nos maneirismos vocais e, especialmente, a economia harmônica são coisas que fazem com que eu não tenha uma reação de envolvimento.
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Dito isto.......até ouvir  "The Miseducation of Lauryn Hill".
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As infindáveis demonstrações de criatividade de improviso nos melismas vocais dela e de todos os cantores do disco e o fato das músicas girarem sobre pouquíssima variação de campos harmônicos (tem canção feita em cima de um só acorde!!!) poderiam facilmente me afastar de uma audição mais aprofundada desse álbum.
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Mas, gente, esse disco é do caráleo!!! Tem uma energia e uma inventividade fora do comum. Da qualidade vocal de Lauryn e dos instrumentistas nem se precisa falar tanto: eles são excelentes. Mas o que realmente impressiona é a construção climática que cada faixa traz. 
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A escolha dos timbres mais as opções no espalhamento das notas dos acordes mais os improvisos vocais precisos mais a produção técnica esmerada mais as letras extremamente inteligentes e confessionais, tudo isso gera um CD imperdível!
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Continuo não tendo paciência com esse tal de "neo soul". Mas esse disco é maravilhoso.
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Escrevi este texto pensando que mais ouvintes com este meu desprendimento na audição, esta tentativa de não-preconceito na recepção de trabalhos artísticos de outras praias que não a nossa, isso poderia mudar muita coisa no panorama artístico geral do país. Espero atingir este tipo de ouvinte quando lançar meu próximo CD, em algumas semanas.
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E isso me leva a te perguntar: existe um bom CD na chamada música sertaneja universitária? Você consegue me indicar um excelente grupo de pagode novo, longe da mesmice que se vê no estilo? E no pop nacional, tem alguma coisa realmente diferente, com música e letra muito legal?
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Um ouvido sem preconceito está à procura.
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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domingo, 17 de novembro de 2019

2 ENCONTROS IMPORTANTES

O primeiro foi com Gustavo Scaranelo. Fui testar um microfone que ele estava vendendo e obviamente acabamos falando sobre muitas coisas. Política - ser progressista sem ser necessariamente personalista; música - ele só produz os sons pelos quais se apaixona; técnica de gravação - não ter mesa de som no estúdio parece uma heresia pra alguns mas não atrapalha em nada o som produzido lá; mercado fonográfico - o número de usuários do Spotfy é ainda ridiculamente pequeno e quem reclama de assinar essa plataforma por 17 mangos por mês não entendeu nada do atual momento. 
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E por aí foi. Se você mede o sucesso de um empreendimento de gravação de áudio pela qualidade do produto gerado, esse é seu estúdio, claro. Sempre leve em consideração que um bom profissional faz toda a diferença. 
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O segundo encontro, casual, foi com Albano na Dpaschoal. Eu estava lá pra descobrir mais algumas vidas pro meu Paliozinho e conversamos uma meia hora sobre o panorama musical. Ouvi alguns  pontos de vista muito interessantes dele que tem décadas de experiência vivenciando profundamente seu instrumento, suas músicas, seus alunos, sua Arte. Confirmar percepções, receber questionamentos a posicionamentos já estabelecidos e outras informações novas e até inusitadas foi importantíssimo.
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Neste momento político conturbado, de extrema polarização, ouvir opiniões alternativas é essencial mesmo que não sejam exatamente as mesmas que as nossas. Acho inclusive que uma das formas de amenizarmos os confrontos deste momentos passa exatamente por isso: mais pluralidade, mais diversidade, mais gente trazendo novos pontos de vista sobre tudo: cultura, entretenimento, união da classe artística.....
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Tanto pra Gustavo como para Albano eu fiz a mesma pergunta: como as ideias deles estavam sendo recebidas pelo povo e para minha surpresa, a expressão de suas personalidades estão sendo (bem) feitas apenas musicalmente, não através da palavra escrita. OK, não é pouco: música bem feita, com sinceridade artística e profundidade técnica transmite muita coisa. 
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Porém acho essencial que cada um de nós, artistas brasileiros, usemos os canais possíveis pra expormos nossos posicionamentos. Não a fim de convencer ninguém de nossa "verdade" mas pra contribuirmos para que a variedade de ideias produza a Arte que queremos: intensa, multifacetada, profunda, complexa. Humana.
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Então, aguardo um blog (ou algo semelhante) dos dois. E também dos outros grandes artistas da cidade. Pra ontem.
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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