Como vocês sabem, estou na fase de arranjo das músicas de meu próximo CD.
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Nessa fase você determina como sua música será gravada. Quais serão os instrumentos que a tocarão, qual será a forma (tipo "introdução, 1.a estrofe, coro, solo e coro, por exemplo), talvez até escreva as notas de alguns dos solos, determina detalhes importantes do panorâmico (certas coisas nas caixas do lado direito e outras no esquerdo), bola as vozes, etc. etc. etc.
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É uma fase muito trabalhosa mas também extremamente divertida de se fazer porque é como se soltassem uma criança num parque do tamanho do universo e dissessem "vai lá, brinca com o que quiser!".
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Mas, a exemplo do que já tinha me acontecido na gravação de meu outro CD, "O Culto à Ciência", tem uma parte nessa fase que é especial pra mim: a escolha dos timbres. Inclusive, eu cheguei a atrasar em alguns meses a finalização desse CD só pra poder incluir alguns sons espetaculares que descobri!!!
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Pra quem não é do ramo apenas digo que em termos de variedade de sons, a tecnologia atual está dando aos músicos uma inacreditável gama de opções.
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Fora os instrumentos em si, fonte de sonoridades ricas e delicadas, os tais VST (Virtual Studio Technology), plugins que você instala em seu PC pra ter acesso a bibliotecas de sons maravilhentos, deixam os músicos com tantas possibilidades que chegam até a intimidar.
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Sim, leva literalmente horas pra se percorrer todos os bancos de timbres. Você tem que, paciente e diligentemente, tocar um pouco cada um dos sons pra entendê-lo e imaginá-lo fazendo parte de determinada música. Mas é algo fascinante. Viciante. Entorpecedor.
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Entorpecedor mesmo.....
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Estava eu rolando já a umas boas horas a relação imensa de timbres do VST Absynth quando entrei num estado de concentração tão grande, fiquei tão imerso no processo, tão obcecado em verificar as nuances que aquelas maravilhas sonoras podem oferecer, tocando-as tanto nas regiões graves quanto nas médias e agudas........estava tão absorto, tão imiscuido, tão.....tão.....tão......que.....
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chegou uma hora que eu me peguei pensando:
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"eu preciso de um som carmim, aveludado e refrescante......."
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Quando eu formulei esse pensamento em minha cabeça, caiu a ficha e racionalizei notando que já estava me relacionando com o timbre de forma sinestésica. Eu digo, sem medo de parecer maluco, que eu realmente queria por minha mão no som e senti-lo uma seda, olhar pra ele e vê-lo vermelho e sentir na pele o frescor que ele exalava.....
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Acredite em mim: eu parei com as drogas pesadas a mais de 25 anos atrás!
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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