segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O ARCO-ÍRIS DE CORES INFINITAS

Nos encontramos pra tomar café da manhã numa padaria por que......bem, nós dois amamos padaria. Eu fui de pão com manteiga sem chapa com café preto. Ele, mais disposto, pediu coxinha, vitamina e uma média.
Ele me falou sobre como estavam as coisas na família. Gosto muito da mãe dele, pessoa forte e decidida, o criou com muito carinho, deu um sacode nas adversidades que não foram poucas.
Falamos sobre nossas mudanças de visual, ele muito mais dedicado a isso, eu acordando pra algumas coisas só agora.
Daí ele me mostrou umas fotos e vídeos de outra paixão que temos em comum: cachorros. Ele já teve vários vira-latas (street dog, como ele os chama) mas agora tava com um husqui siberiano maravilindo. O companheirismo, alegria e esperteza dos caninos cativa-nos de uma forma quase mágica.
Quando ele me falou de seus projetos musicais, ouvi com atenção porque mesmo não sendo da minha praia, suas canções têm potencial se chegarem aos ouvidos certos. Disse o que eu achava de alguns vídeos onde ele canta suas músicas tocando violão.  Dei uns toques sobre captação, montagem de acordes, arranjo vocal, etc. Tomara que tenha ajudado de alguma forma.
Daí divagamos sobre mais outro tópico que também nos une: Chico Buarque.  Fizemos um “top 10” ali na hora e comparamos pra ver o que batia. “Geni e o Zepelin” foi top 3 pra mim e top 5 pra ele!
Já era quase hora do almoço e marcamos de continuar a falar-nos, mesmo que por Skype, sobre a vida, outros assuntos, quem sabe até sobre Física, assunto sobre o qual, ele, mezzo gênio matemático, pode me ensinar muito. Eu, mesmo idolatrando salve-salve a Física e a Astronomia, só as persigo através de livros de divulgação científica. Ele pode ler os artigos, ou pelo menos a parte matemática dos artigos, com chance muito maior de os entender do que eu. Acho isso lindo. Ele é fã do Tesla.
Como a correria não para, a gente teve que se separar, eu indo pra dar aulas e ele pra ter aula na facul de engenharia elétrica, último ano.
Detalhe: dentro da concepção polarizada que toma conta das discussões políticas atuais, ele seria um “coxinha” e eu um “petralha”.
Imprecisas essas classificações, claro. A bem da verdade, ainda sou filiado ao PSTU. Me filiei pra evitar que, devido aos números insuficientes de filiados, cassassem o registro do partido, lá nos anos 90. Hoje não tenho mais uma ligação com a extrema esquerda por vários motivos que não cabem dizer aqui. Votei no Lula 5 vezes e na Dilma 2 mas espero sinceramente que eles paguem caro pelos erros que cometeram. Honestamente, não acho que dê pra dizer que eu seja um “petralha”.
Ele, por sua vez, se declara um liberal. Diz que simplesmente não aceita que ninguém diga a ele como viver. Quer o chamado estado mínimo, privatizações e meritocracia mas é a favor da liberalização das drogas, descriminalização do aborto e da eutanásia.
Por que eu escrevi este texto num espaço destinado a música autoral?
Porque, pra mim, política envolve tudo. E quando eu digo tudo estou falando da escolha da marca da manteiga no supermercado, a briga com o flanelinha pra não pagar os 10 real, uma viagem, o livro que se lê ou a música que se ouve. Tudo passa por, está enviesado por, é influenciado (ou influencia) por, cresce ou some por causa, em última análise, de política.
E pra quem faz música, isso é ainda mais fundamental. O compor é um ato político, o se apresentar é um ato político, o filmar, o roteirizar, o ensaiar.....Tudo é político, tudo é política.
Mas a política acontece na relação entre pessoas. Que são complexas. Que não podem ser rotuladas simplesmente por uma única palavra.
Como é o caso que descrevi acima.
Ou seja: eu sei bem o que eu quero em política. Se você também sabe mas pensa de forma diametralmente oposta a mim.......mesmo assim o contato ainda pode existir.
Procuremos, o quanto possível, o que nos une.
A música, por exemplo.
“Come as you are.......”

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.



domingo, 23 de outubro de 2016

PADRÕES

"O que é isso?", perguntou Warner Reis
Eu, meio que orgulhoso, tentei vestir o colete de tergal cinza pra lhe mostrar o caimento.
"Eu usava este colete quando tocava blues com a The Hollers!"
Ele fez uma cara muito severa, pensou por uns segundos e, elegantemente disse:
"Não vamos usar isso"
"Ok, vou dar pra alguém então"
"Não, joga fora mesmo"
Conto isso pra vocês verem até onde fui na revisão do guarda-roupas pra shows.
Essa e outras peças eu nem cheguei a vestir. Seja pelo tecido, modelo, cor, tamanho ou seja lá o que, não batiam com o conceito que havíamos discutido, acertado, definido, alinhado,
Sobrou pouca coisa. Duas calças, duas camisas sociais, 3 camisetas. Tudo preto ou cinza.
Ele demonstrou ter ficado bem desanimado com o resultado porque minhas opções de variação de figurino ficaram mínimas.
Tinha uma bata branca que eu gostava muito e ele também gostou. Mas daí ele disse que precisava cortar as mangas. E rever o comprimento. E acertar o caimento dos ombros. E mudar a gola. E por um botão....
Bem, claro que eu, estupefato, acabei perguntando:
"Nossa, se vai mudar tudo isso, compensa ficar com a peça?"
"Ah, mas os padrões de relevo do tecido são tão bonitos....."
Ele sugeriu acessórios: óculos, algo para o punho, um colar de prata, cintos.
Na medida do possível, fomos incorporando esses elementos. Mandei fazer um pingente
com o logo do projeto.
E descobrimos uma promoção de blazers. Gostamos de vários. Eu quis comprar só um verde mas
Warner me fez levar um marrom também. Quem chegou a me ver com os dois nem nota o verde mas baba pelo marrom.....
Então, gente, não consigo realmente encontrar algo nesse processo de construção de um figurino que não seja, de alguma forma, uma extensão do trabalho que faço com música.
Notas, frases, riffs, harmonias, arranjos, formas, timbres, improvisos, convenções........& tecidos, cortes, cores, combinações, acessórios, jogos de referências.......isso tudo pode e deve fazer parte de um todo (estranhamente - sincronicamente eu diria - Totalidade é o tema do próximo CD......).
Se você quer dizer alguma coisa, diga de forma clara. Se os elementos do discurso, todos eles, estiverem em desacordo, sua mensagem não será clara.

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que ama. Adeus.

domingo, 9 de outubro de 2016

IMAGEM

Ok, então, pra evitar discussões, vamos começar assim:

"Há artistas que não se importam ou que dizem não se importar com sua imagem, seu visual, suas roupas - E ESSA É UMA OPÇÃO TOTALMENTE VÁLIDA, JUSTIFICÁVEL, PLAUSÍVEL"

Depois dessa solene declaração, passo a lhes falar um pouco sobre minha (recente) preocupação com apresentação pessoal no que se refere a figurino, cabelo e cuidados estéticos.
Eu me insiro naquele grupo de artistas que entende que o jogo é extremamente desleal e injusto mas que vai jogar o jogo (até certo ponto), seguir as regras (nem todas, nem sempre) e perseguir os objetivos normalmente traçados pelos músicos (mas só os objetivos que guardem um relação direita com meus objetivos pessoais).
Nesse contexto, o cuidado com uma produção visual coerente e bem acabada é pra mim, hoje em dia, muito importante.
Nunca me senti especialmente capaz de atuar nessa área relacionada com o figurino até porque, em meus anos de formação, obviamente fui me aprofundando e me especializando naquilo que me era naturalmente mais fácil: Música!!!
Porém, acredito que minha atuação como músico compositor intérprete de suas próprias canções pode e deve se manifestar como algo amplo, abrangente, total, onde todos os elementos da carreira guardem uma coerência entre si.
Dessa forma, música, performance, figurino, luz, arte gráfica e tudo mais que formam a vivência do artista, deve se fundir para se oferecer aos olhos e ouvidos do público como um conceito total.
Essa minha nova vivência foi totalmente influenciada - diria até redefinida - pela atuação de Warner Reis, que com sua dupla formação em artes plásticas e moda, me ajudou a rever meu guarda-roupas e me encaminhou a uma grande maquiadora e cabeleireira (Sheila Sanches). Acessórios e detalhes no visual foram novidades importantes.
Falarei mais sobre isso em breve.

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.