quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A PRIMEIRA SESSÃO DE FOTOGRAFIA

Nesta semana estou divulgando oficialmente os resultados de minha primeira sessão de fotografias desta nova fase de minha carreira.
O trabalho gerou 48 fotos. Colocarei a maior parte delas em um álbum no facebook e no site (em breve no ar) e algumas vou reservar para os seguidores mais próximos de meu trabalho (se interessou? Então leia a seção "sobre" de meu perfil www.facebook.com/wellingtonwtonsilva e entre em contato).
Gostaria de escrever um pouco sobre essa experiência, não só sobre a parte boa - o resultado em si do trabalho me deixou extremamente satisfeito - como também sobre os problemas que cercaram esse evento.

LOCAÇÃO
Começando pelo local das fotos: auditório da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP.
Eu pretendia usar o auditório do Instituto de Artes pois, como aluno, teria a prerrogativa de simplesmente entrar na agenda de locações e fazer o ensaio lá. Mas ele estava em reforma.
Tentei então o auditório da FCM porque já tinha me apresentado lá num festival há alguns anos.
Eu e o fotógrafao, Cláudio Araújo, achamos que seria um lugar interessante e então comecei os contatos.
Inicialmente, eles me propuseram um contrato de uso que pedia R$ 800,00 pelo aluguel por um período do dia. Propus troca de serviços: o uso do auditório pelos meus serviços musicais em algum evento da faculdade. Eles aceitaram de pronto e já no mês seguinte toquei no aniversário de 40 anos do bandejão. No final das contas, acabei levando minha música, como retribuição pelo uso do espaço, pra muita gente que não a conhecia!!!

LIÇÃO 1 - Sei que troca de serviços é uma sugestão comum para quem está sem grana ou no início de carreira. Meu ponto é: você realmente está procurando as pessoas certas? O que você tem a oferecer é ideal pra quem? Ou seja: onde estão as carências que podem ser sanadas exatamente com o serviço (musical, teatral, plástico, etc.) que você tem pra oferecer?

FOTÓGRAFO
Quanto ao fotógrafo: Cláudio Araújo é um amigo da época do Banco do Brasil. Na época do lançamento de meu CD, ele foi ao show e o fotografou por conta e risco. E me ganhou com as imagens que produziu. O chamei pra tudo o que precisei relacionado a fotos desde então.
Com o passar do tempo ele acabou se especializando em fotografias de dança o que, a meu ver, o credencia em muito também para fotos de bandas. Até porque meus shows carregam um lado cênico considerável. As fotos de meu show em SJCampos, em breve num álbum do Facebook, também são deles.
Um detalhe importante é que ele, intuindo minha inexperiência como fotografado, aplicou técnicas de neurolinguística durante a sessão de fotos que me ajudaram muito.

LIÇÃO 2 - Não economize no fotógrafo. O Cláudio é meu amigo, entende meu momento e se adaptou às minhas possibilidades de pagamento mas eu pagarei a ele o quanto ele achar adequado porque não adianta ter o melhor local, a melhor luz, o melhor figurino, a melhor maquiagem se o fotógrafo for o.......mais "em conta"!

FIGURINO
Comecei no início de 2016 um trabalho de revisão de figurino com Warner Reis (as fotos foram feitas em Agosto). Já descrevi esse trabalho num texto anterior então só digo a respeito disso que, quando você parte pras imagens tendo já resolvido o lance das roupas, a tranquilidade é total. Sim, variamos pouco a troca de roupas durante a sessão mas isso foi devido a outros fatores, que explico abaixo, e não por falta de opção. As roupas que usei nas fotos são as que melhor me representam no momento.

LIÇÃO 3 - Você dificilmente tem em seu guarda roupas peças que tenham coerência com o mode de ser de outra pessoa. Quero dizer, a não ser que você seja um daqueles malucos que imitam até o último fio de cabelo o jeito de vestir de um ídolo. Seu modo de vestir te reflete. Até sua falta de preocupação com isso diz algo a seu respeito. Logo, tenham algum controle sobre isso. Pra um artista isso é fundamental.

MAQUIAGEM
Sheila Sanches estava me maquiando quando vi o resultado parcial e disse "nossa, nunca usei o cabelo assim". E ela: "então, hoje você vai usar". Pois ela sabia exatamente o que estava fazendo. Não se trata de tapeação: é simplesmente minimizar alguns detalhes e salientar outros. Evidenciar características marcantes ou importantes. No final do trabalho, ela chutou o balde e aplicou o lápis preto em meus olhos, jogou a imagem pra se referir a algo hindu pois isso guardava uma (estranha) relação com o fractal, símbolo do projeto. Foi muito interessante, pra dizer o mínimo.

LIÇÃO 4 - Aparecer de cara lavada em clips e fotos não é algo "errado". É como você dissesse: "é isso que eu sou". Usar maquiagem é como dizer: "é isso que eu quero que você veja".

ASSISTENTE
Parece bobagem mas faz as contas aqui comigo: o fotógrafo precisa montar uns trecos lá. Ele vai gastar 30 minutos. Com o assistente, 15. O figurinista tem que pegar toda a roupa no carro e por na girafa, em ordem. Sozinho ele faz isso em 20 minutos. Com o assitente, 15. E não dá pra fazer o ensaio sem água, muita água, alguma comida. O assistente pode fotografar e filmar informalmente e produzir com isso um making of. Acredite em mim, é muito, mas muito útil mesmo.

LIÇÃO 5 - Tenha, no mínimo, 1 assistente. Se tiver um pra cada profissional, melhor. Não se estresse: passe isso pra eles. Viviane Guerra ficou exausta  no final da sessão, até porque, além de ajudar em tudo, filmou e fotografou pra gerar o making of que publicarei em breve (para os fãs).


ERROS
O tempo foi curto. Só uma manhã não dá. Naquele lugar, precisaríamos de um dia inteiro. O vermelho das poltronas "invadiu" a pureza das cores das fotos, segundo Cláudio. Eu estava muito nervoso e demorei um tempo considerável pra ficar no clima (até recitei aquele mantra do Leminsky pra ficar bem - "sobre a mesa vazia......"). Usamos menos possibilidades que o guarda-roupas proporcionava.

LIÇÃO 5 - Separe um dia inteiro só pra isso. Se você (e sua equipe) é notívago, conte com avançar na madrugada. Tenha certeza de que o local escolhido tem a ver com o objetivo das fotos. Treine poses e movimentos em casa, se fotografando com o celular. Mas tudo isso pode ser resumido com:
faça uma reunião prévia com toda a equipe - fotógrafo, maquiador, artista gráfico, iluminador - e discutam o objetivo do trabalho. O que se quer (que se precisa) atingir? Tenha em mente para que as fotos serão necessárias - internet, cartaz, flyer, capa de disco, etc. - para que você produza exatamente aqui que precisa.

Bem, é isso.
Deixo abaixo 3 fotos e os convido a ver o ensaio no face.

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.






terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A PALAVRA

Acordei lá pelas 3 e pouco da madrugada com meu perispírito, projeção astral, alma ou algo que o valha flutuando perto da janela do quarto.
Ele (eu) olhava pela vidraça, notei que Liebe o percebia. Ela tinha subido na janela e cheirava o ar de forma nervosa. Chatellet, claro, dormia o sono dos anjos caninos.
Depois do susto inicial, meio que sentei na cama mas não puxei conversa. Fiquei só o (me) olhando ali, parado, pairando semitransparente.
Depois de alguns minutos ele (eu):
"- É isso aí, W. Sono leve, né?"
Pela minha cara de espanto, acho que era óbvio imaginar que eu estava tentando me convencer de que era tudo um sonho. Ele (eu):
"- Tentar dormir pra quê, cara? Você (eu) não tem nada de mais importante pra fazer?"
"- Mas eu preciso descansar. Se eu dormir só 4 horas amanhã vou estar um caco. Mas acho que você (eu) sabe disso...."
"- Eu sei que você sabe o porquê de você estar dormindo mal. E aí? Não vai fazer nada a respeito?"
"- Como assim "sabe o porquê de estar dormindo mal?"? Se eu soubesse, resolvia e dormia, ora!"
A aparição, demonstrando um misto de tédio e impaciência:
"- Cara, não tô a fim de ficar perdendo tempo deste jeito, ok? Se você sabe que não está falando com ninguém além de si mesmo, pode nos poupar do óbvio? Não deu pra notar que eu sei tudo o que você sabe? Não enche o saco com bobagem, ok?"
Fiquei meio puto com essa (minha) grosseria:
"- OK. Então diga o que tem pra falar e me deixe dormir em paz!"
"- Exatamente! Você (eu) não poderia resumir melhor a situação! Essa frase serve como nosso (meu) mantra: diga o que tem pra falar!
"- Eu falar? Você (eu) aparece aqui no meio da noite e quer que eu fale alguma coisa? Você (eu) tá ficando louco?"
"- W, minha paciência não tá pra essas coisas, saco!. Eu (você) estou aqui porque você tem algo pra dizer e não está conseguindo. E nós sabemos que o processo de você começar a por pra fora o que quer, que precisa falar, começa com você parando com as bobeiras, frescuras, bobagens e vomitar tudo o que tem dentro de si (de nós). Fui claro?"
"- Você (eu) está se referindo às minhas músicas, meus textos?"
Ele (eu), quase espumando de raiva:
"- Putaquepariu, cara, pára com isso! É óbvio. Vamos mesmo ter que perder todo esse tempo?"
Ele (eu) fez a cara mais chateada do planeta:
"- É por isso mesmo que as coisas com você (eu) não andam: vai repisar o óbvio por quanto tempo?"
"- Mas......eu estou fazendo o que posso. As coisas não são fáceis, o momento é complicado, tá tudo muito corrido. Bem, acho que você (eu) sabe de tudo isso, não?"
"- Meu amigo, quando as tais coisas vão ficar mais fáceis? E se o momento descomplicado não vier? E só não tem vida corrida quem tá lá no Azaléia....."
"- Veja bem", já me sentindo meio íntimo dele (de mim), "o problema é que as pessoas não tem interesse em músicas que falam do que eu acho interessante. As pessoas gostam de música de amor, de relacionamentos, de curtição. Falar sobre assuntos tão diferentes da rotina diárias das pessoas não dá um retorno adequ....."
"- Cala a boca!"
"- Como é que é?", respondi meio indignado.
"- Ok, flor de lilás, deixe eu dizer de outra forma: o compositorzinho incompreendido não é ouvido por ninguém? Ah, que coisa triste! Quer dizer que o artista que visita temas profundos e transcendentais não consegue a atenção dessa massa desinteressada? Oh, que coisa injusta! Que sofrimento! Vejam só: você só não consegue ir pra frente com suas coisas porque os outros.....sempre os outros não conseguem subir até o seu nível de pureza estética e, se esforçando um pouquinho, adentrar à sua fantástica produção artística......"
"- Eu não disse isso....."
"- W, vai se ferrar, cara. Eu estou só te esfregando na cara o quão absurdo e infantil é esse tipo de pensamento! Você quer me (te) convencer de que só quando gostarem do que você gosta você vai se sentir seguro o suficiente pra seguir em frente? Você tá querendo me (se) enganar me (se) dizendo que a culpa é do outro? Deixa eu te perguntar uma coisa: você realmente gosta dessas coisas que diz gostar? Quer dizer, gosta pra valer? Isso é realmente importante pra você?
"- É a minha vida."
Silêncio.
"- W, você já ouviu tantas vezes e de tanta gente sacada que a expressão pessoal artística é algo inerente e essencial ao ser humano. Uns nem disseram isso com palavras mas viviam isso. Me relembra: o que você ouviu ontem antes de dormir?"
"- Robério Skylab"
"- E aí?"
"- E aí o quê?"
"- E aí o seguinte: o cara é pop? As músicas dele são dançantes? Os temas são "de amor"? Ele fala de relacionamento como os outros falam?
"- Não. Mas e daí?"
"- Daí que o cara não tá nem aí, há décadas, pro que vão achar disso. Ele faz o que acha que tem que fazer e mostra. Quem quiser ouvir, ouve. Quem não quiser, paciência."
"- Sim, isso é legal nele."
"- Nele e em outros, muitos outros. Aliás, em todos os artistas que acreditam no que fazem. Você acredita? Acredita que vale a pena fazer uma canção sobre os Muitos Mundos de Everett? Acha que seria interessante um álbum todo conceitual sobre vida e obra do Bohm? Se sentiria bem produzir texto, música e vídeo sobre as leis da termodinâmica?
"- Claro, óbvio, evidente!!!"
Silêncio.
Dessa vez longo.
Ele me disse que iria embora (às vezes peço a ele que vá embora). Mas antes, me olhou com aqueles olhos quase sumidos por detrás das olheiras:
"- Você tem que dizer a palavra."
"- Que palavra?"
"- Você tem que dizê-la. Fui."
E foi-se.
Pensei mais um tempo sobre tudo aquilo e dormi.
Dia seguinte o que ocupou minha cabeça foi a ereção mental (também) que me causa pensar no quanto seria épico produzir uma música sobre a relatividade especial cruzando-a com a imagem de uma transa. O quanto seria fodástico ter uma faixa num disco que falasse (além da que tem no meu 1.o CD) sobre Limites, Derivadas e Integrais. Sobre viagem no tempo. Intercalando tudo isso com vinhetas de Leminsky musicadas cada uma de forma diferente - orquestra, violão e voz, texto cênico, etc. Pensei em todos os temas que gosto, nas teorias, nas ideias, nas possibilidades.....Imaginei que tudo isso num único CD iria me fazer o homem mais feliz do mundo, mesmo que eu fizesse apenas uma cópia dele e nunca ninguém o ouvisse.
Realmente tive esse sentimento que, apesar de sereno, me tirava o fôlego.
Mesmo que eu não estivesse sozinho em casa, eu teria feito o mesmo que fiz.
Fui até a varanda, olhei pro céu, fechei os olhos e gritei, de um jeito que ainda não tinha gritado na vida. As cadelas saíram ganindo, os vizinhos apareceram nas janelas pra ver o que estava acontecendo, eu quase rasguei as cordas vocais. Mas saiu de mim um simples e definitivo:
"- FODA-SE!!!"
Isso foi em 02 de Janeiro de 2016.
Hoje estou aqui.

Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.