segunda-feira, 30 de abril de 2018

O SHOW DO KAMALA NO GRITO ROCK DE ONTEM, 29 DE ABRIL DE 2018

Fui conferir o show do Kamala ontem na concha acústica da lagoa do Taquaral.
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Sim, é aqui do lado de casa e eu gostaria de ter ido ver outros grupos como o S.E.T.I e o Thiago Hoover mas, sabe como é, músicos assistem a menos shows do que gostariam porque......estão sempre tocando!!!
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O evento em si, Grito Rock, é sempre uma boa notícia porque é mais um movimento de valorização da música autoral roqueira na cidade. Confesso que rolava uma deprê toda vez que eu pensava que um espaço tão legal quanto a concha acústica, estava parada, sem eventos culturais a aproveitando.
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Poucas pessoas, infelizmente. Mas era o dia do rock mais brutal e então dá até pra entender. O que eu não entendo mesmo é o porquê das pessoas terem tanta dificuldade em ouvir som extremo: a vida não é extrema? Pagar as contas com os salários que ganhamos não é extremo? Viver dia após dia num sistema que separa as pessoas pelo que ganham e pelo que possuem não é algo extremamente violento? 
Concluo que a maioria das pessoas buscam músicas que as ajudem a fugir de seus problemas e não que as ajude os enfrentar. Porque se você for enfrentar os absurdos do dia a dia usando uma trilha sonora adequada......é o metal e é o metal brutal. Bem, minha opinião, claro.
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E então, vejo o Kamala. Ouvira pouca coisa deles até então. Tinha ouvido mais comentários sobre o trabalho da banda do que propriamente dito ouvir as músicas. E, olha, os caras são bons. E são bons no principal: boas músicas e boa performance. Conseguir até entender vários trechos das letras mesmo "cantados" daquele jeito porrada. 
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A escolha da organização do evento por não ocupar todo o espaço do palco da concha, ao invés de limitar as possibilidades de movimentação agiu de forma contrária: proporcionou mais coesão e interação entre os integrantes das bandas e delas com o público. 
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Novamente se repetiu o fenômeno que já presenciei em outros festivais semelhantes: saiu o Kamala e entrou o Valvelines, de Sorocaba, banda com boas ideias musicais e boa pegada mas que, provavelmente, não levou seu próprio técnico de som e aí o efeito pra quem tava ouvindo foi evidente: um abismo sonoro os separou da banda anterior. 
Bandas e artistas que me leem, não nos esqueçamos das sagradas palavras bíblicas: nossas bandas são formadas pelos instrumentistas mais um e esse um é o técnico de som que, por conhecer o trabalho minuciosamente, pode agir de forma crucial na qualidade daquilo que chega aos ouvidos do povo.
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Uma última observação: tenho que mencionar também a chatice machista que ainda persiste no gênero em questão. E digo isso porque a batera do Kamala ser uma mulher ainda chama a atenção. Só quando isso não representar surpresa alguma é que se poderá dizer que essa situação odiosa terá sido extirpada do metal.
Não nos esqueçamos da máxima que pode servir de paradigma também para a música: só quando uma mulher imbecil for presidente é que poderemos dizer que acabou o machismo na política brasileira. Porque homem imbecil ainda é a regra.
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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domingo, 22 de abril de 2018

PRA QUÊ CONTAR ESTA HISTÓRIA?

Meados de 1995.
O estagiário me gritou lá da bancada dele algo como "cara, não vai querer mesmo os ingressos? Pensa bem, é a 1.a vez dos Stones no Brasil.....". 
Eu já tinha recusado a semana inteira porque já estava no cheque especial, não queria me encrencar mais ainda.
Mas sexta, 22 horas, cansado, puto da vida com um monte de coisa....
"Ah, sabe de uma coisa? Manda, vou ficar com o ingresso" ("eu corto uma saída com os amigos pra compensar", pensei).
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Por que tomei essa decisão? Porque amo romper com certas coisas estabelecidas, nem que seja com minhas próprias decisões, no caso a de pôr minhas contas em dia em nome de um prazer pessoal.
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No estádio, numa época sem celular, o bendito estagiário não apareceu no local combinado. A Rita Lee já tava começando o show dela, eu esperando o cara há mais de uma hora. Eu já estava quase desistindo, Puto Da Vida II - A missão, quando um casalzinho passa brigando na minha frente:
"E o que eu faço com isso aqui?", disse o cara mostrando 2 ingressos pra menina.
"Ah, enfia no cu, faz o que quiser com essa bosta".
De pronto, dei um pulo e disse pro cara "ah, dá esses ingressos pra mim....".
E assim, consegui 2 ingressos.
Porque aguentei muito mais do que o tempo razoável por meu amigo? Porque eu amo ficar sacando o que pode acontecer dentro de uma situação que parece perdida.
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O show foi épico, claro. E olha que Stones nem é meu prato favorito. Ainda peguei umas música da Rita. Vi até aquela atriz escultural, pelada, desfilando com o manto de nossa senhora, sensacional. Os gringos mostraram competência e energias surpreendentes. Mas o que me chamou muito a atenção mesmo foi a produção. Vi eles fazendo micagens legais e aparentemente espontâneas que foram repetidas no show da semana seguinte no Rio. Entendo. Mas rock and roll não é  pura, improviso, só festa? Ah, tá bom.
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Pra quê ver um show de rock and roll que não é a minha praia (e tô falando até do show da Rita)? Porque amo aprender lances de produção de grandes espetáculos musicais, não importa o estilo. Não quero ser cabeça dura de ver o céu na terra em termos de qualidade de som, luz, cenografia e produção e não aprender nada com aquilo só porque é sertanejo....
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Durante o show, fiz amizade com um casal que estava ao lado. Curtimos juntos todo o show e na saída, eles me disseram que também trabalhavam no Banco do Brasil e me convidaram pra ir pra um barzinho na Vila Madalena. Lá fomos nós, pra um lugar super maneiro onde tinha um telão do tamanho da parede com o show do Queen em Wembley, 1986. Comemos um frango com queijo maravilhoso, eles eram super gente boa, não me deixaram pagar a conta e me deixaram meio bêbado na porta do metrô as cinco e meia da manhã.
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Por que puxei papo com desconhecidos? Porque concordei em esticar o programa pro bar? Porque aceitei que eles pagassem a conta?
Porque amo conversar com quem não conheço, em qualquer lugar que seja. Se for gente que tá trabalhando no evento ou bar é melhor ainda, eles sabem de coisa legais que os organizadores não divulgam. E fui com o casal pro bar porque, mesmo cansadaço, sempre vale a pena tagarelar e escancarar os ouvidos pra que as coisas novas fluam na cabeça da gente. E aceitei que eles pagassem porque também amo receber agrados pra compensar as vezes que os dou.
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Por que estou contando esta história?
Porque todas as coisas contribuem para o bem dos que amam.
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segunda-feira, 16 de abril de 2018

A PALESTRA DO JACQUES FIGUERAS

Segunda passada fui ver uma palestra de Jacques Figueras no espaço Sete Cultural, aqui em Campinas mesmo.
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Em relação a ele, Jacques, dá um google aí (um Face também serve) e verás que o cara dispensa apresentações. Currículo impressionante e muita história pra contar. Ele tá podendo e, pra nossa sorte, se propôs a vir até Campinas falar sobre "Como viver de música".
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Umas 25 pessoas na plateia, dentre elas só uma menina. Detalhe que sempre analiso: apenas um negro mas fazer o quê? Sei que não partiu deles esta peneira, o sistema faz isso.
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Outro detalhe: o cara mais velho depois de mim tinha menos que metade da minha idade. Bem, estamos na luta, vou morrer tentando.
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Senti que a maioria ali era do pessoal da performance, gente que gosta de tocar. E de tocar. E tocar, tocar, tocar e por aí vai. Mas as informações utilíssimas do palestrante, além de se adequar perfeitamente bem a esse povo, também foram fundamentais pra mim.
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Olha, tá difícil vender meu projeto, eu sempre soube que seria assim. Mas, cara, vender música instrumental no país é ainda mais difícil! Brasileiro, parece que por definição, não ouve música tocada, ponto.
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Jacques deu uma série de informações, impressões, dicas e sugestões que tentaram trabalhar principalmente o moral dos jovens ouvintes. Coisas como não se deixar abater com as dificuldades, acreditar no seu som, ralar com inteligência, não desistir diante das adversidades.
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Teve um quê de auto-ajuda? Acho que sim. E qual o problema? Já notou que ouvir das pessoas, da mídia, das redes sociais, até da família, palavras que nos jogam pra baixo, tudo bem. Ir a algum lugar,  ler ou ver um vídeo com palavras positivas......isso é reprovável, é bobagem, é imaturo.....Sei.
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Essa palestra veio exatamente no momento em que eu havia conversado com meu amigo Tonhão Coimbra sobre este momento especial em que a realidade impõe que nós, artistas, mudemos nosso modo de ser, nossa forma de agir, nossa maneira de tocar nossos assuntos e carreira: o músico sensibilíssimo, exímio em seu instrumento, mas que também é seu próprio manager, agente, produtor.  Sinal dos tempos.
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A não ser que você queira deixar seu som mofando na gaveta de partituras, claro. Como não é o nosso caso, mãos à obra.
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Divido as informações de Jacques em 3 grupos: informações que confirmaram ações que ando tomando, outras que simplesmente as questionam (dizendo o porquê) e um terceiro grupo que trouxe sugestões inovadoras, as quais porei em prática o quanto antes.
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Sugiro veementemente que você vá lá e faça os cursos dele. Vale a pena. Faremos juntos.
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domingo, 8 de abril de 2018

QUERO O COMBO NÚMERO 8 E DE SOBREMESA, UM PEDAÇO DE CULTURA , POR FAVOR

No início dos anos 90, estando eu mochilando em Filadelfia, States, me dirigi a um quiosque de informações para turistas. Pedi, no meu maravilhoso inglês macarrônico, informação sobre a agenda cultural da cidade. A atendente prontamente me deu uma sacolinha, o que me deixou surpreso: "eu só quero saber se tem alguma coisa rolando de legal por aí....". Mas a sacola era pra eu poder carregar todas as revistas, jornais, folhetos, folders, flyers e outras propagandas das atividades culturais que estavam rolando na cidade.
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Tem uma teoria por aí que diz que na vida em sociedade há uma luta por se garantir, antes de qualquer coisa, as necessidades básicas: alimentação, moradia, saúde, segurança. Depois que se consegue isso, passa-se a almejar outras coisas: educação, carreira, lazer. E, por último, depois que o mais fundamental é satisfeito, aí é que as pessoas se preocupariam com cultura.
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Será?
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Não acredito nisso por vários motivos. 
Um deles é que não se pode achar que a cultura letrada, acadêmica, erudita, seja a única representante dos valores simbólicos de uma nação. A periferia, os pobres, os analfabetos, criam e consomem cultura o tempo todo. Mas é uma cultura que não está nos museus, casas de espetáculo, universidades.
Outro motivo, e o principal, é que o fomento, incentivo, apoio que um povo opta (ou não) por dar à sua criação cultural tem de vir do bolo de impostos que todos temos que pagar.
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"- Ah, W, então é isso: não temos cultura porque arrecadamos poucos impostos e isso se dá porque somos um país pobre....."
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Bem, em resposta a isso........como direi........escolhendo bem as palavras..............:não!
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Somos a 7.a economia do planeta em tamanho. E, pra que não digam que eu só estou falando de forma muito genérica, muito abstrata: você sabia que aqui em Campinas moram cerca de 10.000 pessoas que ganham entre R$ 150.000,00 e R$ 500.000,00 POR MÊS?
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O que eu sei é que não somos um país pobre. Somos um país com muitos pobres e com poucos, bem poucos, ricos, muito ricos.
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Esses muito ricos se entendem entre si, consomem cultura fora do país ou em ilhas paradisíacas de exposição nos grandes centros. E só consomem a cultura que citei acima: a chamada "alta cultura", nada dessas coisas "insignificantes" da cultura popular. Não há dinheiro fluindo deles pra incentivo cultural popular é até previsível que isso não aconteça. Classe social.
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Órgãos econômicos internacionais dizem periodicamente que o Brasil não taxa adequadamente a renda dessas pessoas estupidamente ricas. 
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Ou seja, o problema, novamente, volta para política.
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Então, onde você, campineiro, da terra dos shoppings e dos 275.643 bares que tocam sertanejo, onde você vai consumir cultura hoje?
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segunda-feira, 2 de abril de 2018

O PROBLEMA FABIANO NEGRI, NOVAMENTE

Seguinte, vem textão por aí.
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Tenho tentado ser curto e grosso, assertivo, rápido, serelepe mesmo. Mas às vezes não dá.
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Acho até mesmo que parte dos problemas que o país enfrenta tem a ver com isso: pra problemas complicados não existem soluções simples. Como o brasileiro tá cansado (ou seria preguiçoso?), muitos acabam indo na onda de ouvir a quem diz ter solução pra coisas complicadíssimas com uma ou algumas poucas ações.....Isso é simplesmente mentira e não ver dessa forma gera a situação que vivemos.
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Então, textão. Se não quiser ler, fique à vontade. Os outros textos tenderão a ser mais curtos, não vou desfazer minha amizade com você caso este texto não seja lido.
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Começo dizendo que em minha página no Face (WTON, CURTA E COMPARTILHE, PLEASE), há tempos tomei a decisão de postar a cada dia uma coisa diferente referente à facetas diversas de meus interesses como compositor: 
segunda, tem texto no blog, 
terça um vídeo/blog/podcast sobre Ciência, 
quarta, Ciência e Espiritualidade
quinta, indicação de um dos programas "Fronteiras da Ciência" da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
sexta, indicação de um artista autoral de Campinas e região
sábado, uma música que fale sobre ou cite Ciência e
domingo, alguma música minha, Wton.
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Claro, eu gostaria de postar, senão todo dia, pelo menos uma vez por semana uma música nova minha, com clipe profissa e tudo mais. Ainda não dá, talvez num futuro próximo, trabalhando pra isso.
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Eis que na sexta passada, ao pensar numa música que falasse ou citasse Ciência & Tecnologia, me veio sugerir uma canção que causou forte impacto em mim. Interpretei a letra de um jeito que, segundo o compositor da música, Fabiano Negri, não era o sentido original que ele pensou. Nosso diálogo sobre isso está na entrevista que postei em minha página a 2 domingos atrás. O que me chamou a atenção nisso tudo foi a profundidade com que o tema INTERNET foi abordado por ele nessa canção.
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Veja a letra e a tradução (tradutor do google):
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FAITHLESS ALLEY

What’s the reason for fighting against all?
Who recognizes this leader?
Wasted anda miserable
This is how he forges his fame
A strong and charismatic beast

An insolent moment
For the world’s history
You’re not alone
Like everyone
Like every animal
Praying insults in this faithless alley

The cult of the profane
Missing reality
Missing something sacred to believe
But I’m not sure
This a very wise thing to do

An insolent moment
For the world’s history
You’re not alone
Like everyone
Like every animal

Praying insults in this faithless alley

BECO SEM FÉ

Qual é a razão para lutar contra todos?
Quem reconhece esse líder?
Desperdiçado e miserável
É assim que ele forja sua fama
Uma fera forte e carismática

Um momento insolente
Para a história do mundo
Você não está sozinho
Como todo mundo
Como todo animal
Orando insultos neste beco sem fé

O culto do profano
Realidade ausente
Falta algo sagrado para acreditar
Mas eu não tenho certeza
Isso é uma coisa muito sábia para fazer

Um momento insolente
Para a história do mundo
Você não está sozinho
Como todo mundo
Como todo animal
Orando insultos neste beco sem fé
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Notou o que eu disse? Não há um momento direto na letra em que o autor se refere à rede. Não há citação à web, links, postagens, curtir, compartilhar, nada do gênero. É o que chamaríamos de obra aberta: ele disse que se trata da internet mas analise e veja se não são palavras que podem se acomodar facilmente a muitas outras vivências humanas onde um convívio conflituoso impera ao invés de se aproveitar das oportunidades de contato para enriquecimento pessoal e coletivo.
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Gravado em casa, arranjo eficaz e em total sintonia com o clima da letra, interpretado magistralmente pelo próprio Fabiano.  
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Dito tudo isso, te pergunto? Precisa mais que isso? Uma música como essa está o quanto abaixo de qualquer uma das grandes canções que você se lembra saudosamente dos anos 60 ou 70? E olha que essa é A minha preferida desse CD. Você pode ouvir outra e gostar mais. Tem até uma que foi muito ouvida por outros fãs, virou a "música de trabalho" ("Hopeland") mas o que eu estou te perguntando é outra coisa: no que estas canções deixam a desejar a outras que minha geração ouviu em sua adolescência?
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Pense nisso enquanto você vai lá no spotfy e começa a ouvir outra coisa: The Lonely Ones, dele também, Fabiano Negri.
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Acho que com esse CD, FN criou um ponto fora da curva. Não conheço profundamente todos os outros álbuns, ouvi bastante "Z.3.R.O" e "Maybe we`ll have a goot time...for the last time" (parece que a capacidade dele de fazer boa música é maior que a minha de ouvi-las....) mas claramente este último "The Lonely Ones" se desgarra do resto da produção em termos de profundidade estética e intenção artística. 8 canções. E que canções!!!
Porém, pra mim o aspecto especial dessa obra é o tema escolhido: depressão. Escolha espinhosa, difícil, sensível, nada fácil transitar por esse caminho sem resvalar em piedades e auto-ajudas empobrecedoras. Visitar esse assunto tão atual e ao mesmo tempo tão doloroso poetisando numa língua que não a sua (nativa)......
Então, cara, vai lá: pega algum outro artista por aí que fale de alguma coisa com essa profundidade e coerência. Pode ser uma banda que só fale sobre festa, transa ou política, estamos falando de Arte, do como e não do porquê. Ache alguém que esteja trabalhando no calibre de FN.
Não vou ficar aqui resumindo o CD pra você. Não vou ficar procurando adjetivos pras músicas, você pode e deve fazer isso por você mesmo.
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Mas isso nos leva a real questão, finalmente.
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Você, leitor e "escutador", deve ouvir e escolher seus adjetivo pra esse e pra outros álbuns. O problema, a meu ver, reside justamente nisso. Cabe ao público, à população, aos internautas, ah, qualquer coletividade que você queira se referir, ouvir os grandes trabalhos que estão sendo produzidos hoje e valorizá-los.
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Estou escrevendo estas palavras porque estou de saco cheio de ver gente metida à besta gastar tempo e paciência dos outros metendo pau no que eles consideram "má música". Eu gostaria de perguntar a essas pessoas se elas são capazes de fazer uma relação dos 10 melhores lançamentos do último na área da música que eles gostam. Tipo, você é do rock? Quais são os 10 melhores álbuns nessa área no ano passado? Ah, você tá mais pro pop? Ok, quais artistas ou bandas fizeram algo legal em 2017?
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PELOAMORDEDEUS, não me venha com essa de que não tem gente criando coisa boa "como nos (meus) velhos tempos"..... Pare com esse saudosismo! Isso é algo pavoroso. O tema deste texto é justamente pra tentar mostrar o contrário e a rede está abarrotada de coisa espetaculares acontecendo. ATÉ EM MAIOR NÚMERO QUE NA MINHA ADOLESCÊNCIA!
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Ah, coitadinho, não tem mais "Som Pop" pra tocar pra você aqueles roquinhos que você curtia dos anos 80? Pobrezinho, as rádios que tocavam rock do seu tempo faliram e as que tem hoje só tocam coisa boa quando tocam os clássicos? Putz, cara, você morreu e esqueceu de deitar!!!
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Talvez você esteja confundindo as coisas: na explosão do rock nacional dos anos 80, o SISTEMA ECONÔMICO VIGENTE, investiu os tubos pra colocar o produto que NA ÉPOCA dava o melhor retorno PRA ELES. E eles nunca pararam de fazer isso, nunca pararão, esse é o sistema que está aí.
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Se hoje você vê na grande mídia coisas que você detesta, não se esqueça de que teve uma época que a música que você gostava esteve em evidência e outros brasileiros que a detestavam tiveram que engolir isso por anos a fio. Hoje, outros sons são mostrados pela grande mídia. Porém em ambos os casos, não se esqueça que ELES, CAPITALISTAS DO MERCADO FONOGRÁFICO, GANHARAM RIOS DE DINHEIRO EM TODAS AS SITUAÇÕES.
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Começo a terminar só dizendo: o capitalismo vende a ideia de que se chegar ao sucesso financeiro e artístico é como se fosse chegar até o topo de uma caixa: os que estão lá em cima venceram só por esforço próprio e os que não, é por que não são bons o bastante. Óbvio que considero isso uma piada: o sistema está mais pra pirâmide: só cabe um (ou pouquíssimos) no topo. E alguns tolos que chegam até a ponta da pirâmide ainda tem a coragem de olhar pra baixo e dizer que se eles conseguiram "por esforço próprio...." todos os outros podem conseguir. Ah, me poupe seu......seu......burro.
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Isso sem falar nos outros artistas que batalham a vida toda em prol de suas sinceras convicções, são vencidos pelo sistema e ainda dizem "ah, não fui bom o bastante....". Triste isso, até agonizante.
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Não reclame de gente que faz música que você não gosta estar em evidência: eles estão apenas fazendo o que acreditam enquanto tem muita gente lucrando horrores em cima deles. Se alguém me propusesse isso, eu aceitaria na hora, desde que eu não precisasse mudar o que eu acredito, claro. Mas eles não proporão investimento a ninguém que faz o que não dá o retorno que eles querem, estou tranquilo com isso.
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Mas, acima de tudo, olhe à volta, vasculhe, procure, pesquise: há música extremamente boa, TÃO BOA QUANTO A QUE ERA FEITA NA "SUA ÉPOCA"! ATÉ MELHOR!!! Se você não a vê, você faz tanto parte do problema quanto os artistas que você diz odiar.
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