Seguinte, vem textão por aí.
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Tenho tentado ser curto e grosso, assertivo, rápido, serelepe mesmo. Mas às vezes não dá.
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Acho até mesmo que parte dos problemas que o país enfrenta tem a ver com isso: pra problemas complicados não existem soluções simples. Como o brasileiro tá cansado (ou seria preguiçoso?), muitos acabam indo na onda de ouvir a quem diz ter solução pra coisas complicadíssimas com uma ou algumas poucas ações.....Isso é simplesmente mentira e não ver dessa forma gera a situação que vivemos.
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Então, textão. Se não quiser ler, fique à vontade. Os outros textos tenderão a ser mais curtos, não vou desfazer minha amizade com você caso este texto não seja lido.
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Começo dizendo que em minha página no Face (WTON, CURTA E COMPARTILHE, PLEASE), há tempos tomei a decisão de postar a cada dia uma coisa diferente referente à facetas diversas de meus interesses como compositor:
segunda, tem texto no blog,
terça um vídeo/blog/podcast sobre Ciência,
quarta, Ciência e Espiritualidade
quinta, indicação de um dos programas "Fronteiras da Ciência" da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
sexta, indicação de um artista autoral de Campinas e região
sábado, uma música que fale sobre ou cite Ciência e
domingo, alguma música minha, Wton.
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Claro, eu gostaria de postar, senão todo dia, pelo menos uma vez por semana uma música nova minha, com clipe profissa e tudo mais. Ainda não dá, talvez num futuro próximo, trabalhando pra isso.
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Eis que na sexta passada, ao pensar numa música que falasse ou citasse Ciência & Tecnologia, me veio sugerir uma canção que causou forte impacto em mim. Interpretei a letra de um jeito que, segundo o compositor da música, Fabiano Negri, não era o sentido original que ele pensou. Nosso diálogo sobre isso está na entrevista que postei em minha página a 2 domingos atrás. O que me chamou a atenção nisso tudo foi a profundidade com que o tema INTERNET foi abordado por ele nessa canção.
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Veja a letra e a tradução (tradutor do google):
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FAITHLESS ALLEY
What’s the
reason for fighting against all?
Who
recognizes this leader?
Wasted anda
miserable
This is how
he forges his fame
A strong
and charismatic beast
An insolent
moment
For the
world’s history
You’re not
alone
Like
everyone
Like every
animal
Praying
insults in this faithless alley
The cult of
the profane
Missing
reality
Missing
something sacred to believe
But I’m not
sure
This a very
wise thing to do
An insolent
moment
For the
world’s history
You’re not
alone
Like
everyone
Like every
animal
Praying
insults in this faithless alley
BECO SEM FÉ
Qual é a razão para lutar contra todos?
Quem reconhece esse líder?
Desperdiçado e miserável
É assim que ele forja sua fama
Uma fera forte e carismática
Um momento insolente
Para a história do mundo
Você não está sozinho
Como todo mundo
Como todo animal
Orando insultos neste beco sem fé
O culto do profano
Realidade ausente
Falta algo sagrado para acreditar
Mas eu não tenho certeza
Isso é uma coisa muito sábia para fazer
Um momento insolente
Para a história do mundo
Você não está sozinho
Como todo mundo
Como todo animal
Orando insultos neste beco sem fé
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Notou o que eu disse? Não há um momento direto na letra em que o autor se refere à rede. Não há citação à web, links, postagens, curtir, compartilhar, nada do gênero. É o que chamaríamos de obra aberta: ele disse que se trata da internet mas analise e veja se não são palavras que podem se acomodar facilmente a muitas outras vivências humanas onde um convívio conflituoso impera ao invés de se aproveitar das oportunidades de contato para enriquecimento pessoal e coletivo.
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Gravado em casa, arranjo eficaz e em total sintonia com o clima da letra, interpretado magistralmente pelo próprio Fabiano.
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Dito tudo isso, te pergunto? Precisa mais que isso? Uma música como essa está o quanto abaixo de qualquer uma das grandes canções que você se lembra saudosamente dos anos 60 ou 70? E olha que essa é A minha preferida desse CD. Você pode ouvir outra e gostar mais. Tem até uma que foi muito ouvida por outros fãs, virou a "música de trabalho" ("Hopeland") mas o que eu estou te perguntando é outra coisa: no que estas canções deixam a desejar a outras que minha geração ouviu em sua adolescência?
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Pense nisso enquanto você vai lá no spotfy e começa a ouvir outra coisa: The Lonely Ones, dele também, Fabiano Negri.
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Acho que com esse CD, FN criou um ponto fora da curva. Não conheço profundamente todos os outros álbuns, ouvi bastante "Z.3.R.O" e "Maybe we`ll have a goot time...for the last time" (parece que a capacidade dele de fazer boa música é maior que a minha de ouvi-las....) mas claramente este último "The Lonely Ones" se desgarra do resto da produção em termos de profundidade estética e intenção artística. 8 canções. E que canções!!!
Porém, pra mim o aspecto especial dessa obra é o tema escolhido: depressão. Escolha espinhosa, difícil, sensível, nada fácil transitar por esse caminho sem resvalar em piedades e auto-ajudas empobrecedoras. Visitar esse assunto tão atual e ao mesmo tempo tão doloroso poetisando numa língua que não a sua (nativa)......
Então, cara, vai lá: pega algum outro artista por aí que fale de alguma coisa com essa profundidade e coerência. Pode ser uma banda que só fale sobre festa, transa ou política, estamos falando de Arte, do como e não do porquê. Ache alguém que esteja trabalhando no calibre de FN.
Não vou ficar aqui resumindo o CD pra você. Não vou ficar procurando adjetivos pras músicas, você pode e deve fazer isso por você mesmo.
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Mas isso nos leva a real questão, finalmente.
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Você, leitor e "escutador", deve ouvir e escolher seus adjetivo pra esse e pra outros álbuns. O problema, a meu ver, reside justamente nisso. Cabe ao público, à população, aos internautas, ah, qualquer coletividade que você queira se referir, ouvir os grandes trabalhos que estão sendo produzidos hoje e valorizá-los.
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Estou escrevendo estas palavras porque estou de saco cheio de ver gente metida à besta gastar tempo e paciência dos outros metendo pau no que eles consideram "má música". Eu gostaria de perguntar a essas pessoas se elas são capazes de fazer uma relação dos 10 melhores lançamentos do último na área da música que eles gostam. Tipo, você é do rock? Quais são os 10 melhores álbuns nessa área no ano passado? Ah, você tá mais pro pop? Ok, quais artistas ou bandas fizeram algo legal em 2017?
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PELOAMORDEDEUS, não me venha com essa de que não tem gente criando coisa boa "como nos (meus) velhos tempos"..... Pare com esse saudosismo! Isso é algo pavoroso. O tema deste texto é justamente pra tentar mostrar o contrário e a rede está abarrotada de coisa espetaculares acontecendo. ATÉ EM MAIOR NÚMERO QUE NA MINHA ADOLESCÊNCIA!
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Ah, coitadinho, não tem mais "Som Pop" pra tocar pra você aqueles roquinhos que você curtia dos anos 80? Pobrezinho, as rádios que tocavam rock do seu tempo faliram e as que tem hoje só tocam coisa boa quando tocam os clássicos? Putz, cara, você morreu e esqueceu de deitar!!!
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Talvez você esteja confundindo as coisas: na explosão do rock nacional dos anos 80, o SISTEMA ECONÔMICO VIGENTE, investiu os tubos pra colocar o produto que NA ÉPOCA dava o melhor retorno PRA ELES. E eles nunca pararam de fazer isso, nunca pararão, esse é o sistema que está aí.
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Se hoje você vê na grande mídia coisas que você detesta, não se esqueça de que teve uma época que a música que você gostava esteve em evidência e outros brasileiros que a detestavam tiveram que engolir isso por anos a fio. Hoje, outros sons são mostrados pela grande mídia. Porém em ambos os casos, não se esqueça que ELES, CAPITALISTAS DO MERCADO FONOGRÁFICO, GANHARAM RIOS DE DINHEIRO EM TODAS AS SITUAÇÕES.
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Começo a terminar só dizendo: o capitalismo vende a ideia de que se chegar ao sucesso financeiro e artístico é como se fosse chegar até o topo de uma caixa: os que estão lá em cima venceram só por esforço próprio e os que não, é por que não são bons o bastante. Óbvio que considero isso uma piada: o sistema está mais pra pirâmide: só cabe um (ou pouquíssimos) no topo. E alguns tolos que chegam até a ponta da pirâmide ainda tem a coragem de olhar pra baixo e dizer que se eles conseguiram "por esforço próprio...." todos os outros podem conseguir. Ah, me poupe seu......seu......burro.
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Isso sem falar nos outros artistas que batalham a vida toda em prol de suas sinceras convicções, são vencidos pelo sistema e ainda dizem "ah, não fui bom o bastante....". Triste isso, até agonizante.
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Não reclame de gente que faz música que você não gosta estar em evidência: eles estão apenas fazendo o que acreditam enquanto tem muita gente lucrando horrores em cima deles. Se alguém me propusesse isso, eu aceitaria na hora, desde que eu não precisasse mudar o que eu acredito, claro. Mas eles não proporão investimento a ninguém que faz o que não dá o retorno que eles querem, estou tranquilo com isso.
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Mas, acima de tudo, olhe à volta, vasculhe, procure, pesquise: há música extremamente boa, TÃO BOA QUANTO A QUE ERA FEITA NA "SUA ÉPOCA"! ATÉ MELHOR!!! Se você não a vê, você faz tanto parte do problema quanto os artistas que você diz odiar.
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam. Adeus.
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