terça-feira, 4 de dezembro de 2018

BOHEMIAN RHAPSODY

Não vou falar do filme, mesmo sendo o maior fã do Queen. Quero falar mesmo é de rapsódia.
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Para esse termo, rapsódia, transcrevo a seguinte definição: 
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"No âmbito da música, dá-se o nome de rapsódia ao tema que se compõe a partir da união livre de diversas unidades rítmicas e temáticas, que não têm relação entre si." (https://conceito.de/rapsódia)
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Freddie deu vazão à sua incrível criatividade de tal forma que gerou esse arraso de canção; momentos, climas, variações e sentidos tão díspares entre si que somente esse termo mesmo pra conseguir nomeá-la.
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Há, inclusive, em meu próximo CD, uma rapsódia baseada na vida de David Bohm, físico americano que viveu no Brasil. São 23 minutos de música que, claro, não me deixou alternativa senão chamá-la de "Bohmian Rhapsody", visto que são 5 canções sem nenhuma relação estilística entre si. Sim, a ideia me escolheu, não tive como resistir....
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Mas o que me chamou a atenção mesmo foi descobrir dia desses qual é a música que adolescentes de 14 a 18 anos estão ouvindo hoje em dia. Não, não é o sertanejo, não é o pop, não é o rap. É o funk carioca mesmo. E o que isso importa? Bem, é essa faixa etária que determinará a direção do mercado musical daqui a uns anos.
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A vida dos músicos de minha geração viu várias vertentes musicais surgirem, crescerem, virarem febre, serem a expressão mais importante e depois diminuírem, saírem dos holofotes e viverem, bem ou mal, entre seus respectivos públicos consumidores.
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O rock nacional, a lambada, o axé, o sertanejo, o rap, o pagode, todos esses estilos vieram, mostraram sua cara, dominaram por um tempo e depois saíram do protagonismo, hoje são consumidos por quem nunca os entendeu como modinha, sempre foi fiel a eles.
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Eu e outros artistas do rock nunca cogitamos em nos expressar de uma forma em que pelo menos a atitude do estilo não estivesse presente. Pode-se dar uma tranquilizada nas guitarras ou se fazer um som menos energético ou algo mais acessível mas atitude é algo que o roqueiro nunca abre mão.
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Só que com as mudanças culturais e mercadológicas, fica difícil seguir a estrada, ano após ano, produzindo som que seja minimamente notado pelo público em geral. Você pode até produzir algo fodástico mas e se não há onde mostrar? Ou se os canais pra divulgação simplesmente não atingem a quem deveriam atingir? E se o espaço democrático virtual estiver tão entupido de oferta de sons que não há nada o que se possa fazer pra ser ouvido?
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E o que isso tem a ver com rapsódia?
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Compor uma canção é trivial: estrofe e coro com solo no meio. Um blues é até juvenil de tão simples: improviso é você ir falando enquanto toca. Mas um lance como uma rapsódia.....
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É algo que mantém a personalidade mesmo mudando, mesmo se metamorfoseando em formas diversas. É você continuar sendo você mesmo mostrando facetas do seu eu que levem o outro até a duvidar que ainda é você.
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O que a vida parece pedir do artista atual é nossa própria carreira seja uma rapsódia onde o tema é você e as variações dele é o que você vai ter que fazer pra se manter vivo.
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Compor rapsódia é difícil.
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Todas as coisas contribuem para o bem dos que ama. Adeus.
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