1) Nada no mundo é eterno. Na música, por exemplo, o jazz, o blues e a música erudita estão acabando.
2) Porém essas expressões sonoras não estão morrendo de morte morrida e sim de morte matada.
3) Deixe sua confortável posição de juiz estético e entenda que cada um é livre pra gostar do que quiser. Há sempre um bom motivo para alguém gostar de algo.
4) Os tipos de música citados acima surgem de e com um imenso acúmulo de informações sonoras, históricas, etnológicas, estéticas e sociais.
Agora, linkando o título deste texto aos demais digo que:
Nenhum empresário que se preze vai entrar em bola furada. Se investir mal seu tempo e recursos vai à falência. Simples assim. Ou, antes que a falência aconteça, verá seu empreendimento estagnar, os concorrentes passarem à frente, perderá dinheiro, terá dificuldade de alavancar novos planos pro seu negócio e assim vai.
Logo, não esperemos que haja um forte aporte econômico por parte dos empresários para músicas que não representem ganho pra sua marca. Esse ganho será, na maioria das vezes, ampliação da visibilidade de seu negócio. Claro que empresários irão pôr seus recursos em ações que maximizem a chance de serem lembrados pelo maior número de pessoas possível.
Ficar pensando em empresários bancando atividades culturais e educacionais pelo mero prazer de ver o povo se educando e a cultura crescendo é algo, no mínimo, ingênuo. Pelas próprias regras de funcionamento da sociedade atual, sem algum lucro não haverá investimento, não importa o tamanho do retorno (se ele for apenas simbólico, estético, humano, artístico, cultural).
Eles não irão financiar de forma metódica, consistente e abrangente, qualquer tipo de arte que seja consumida por um pequeno número de pessoas. E é aí que entram os 3 tipos de músicas citadas acima.
Note, então, que o quê há em comum entre a música erudita, o jazz, o blues e, incluo agora, a música autoral não voltada para o mercado de massas é que O TEMPO PARA A FORMAÇÃO DO OUVINTE DESSA MÚSICA É LONGO. Ou pelo menos, definitivamente maior do que o tempo que se leva para "aprender" a ouvir o repertório de uma dupla sertaneja qualquer, por exemplo.
Veja bem: neste momento não estou discutindo o valor intrínseco das músicas que citei nem demonizando esse posicionamento dos empresários. Isso é do jogo capitalista: se eu investir 1 milhão numa dupla sertaneja terei, sob forma de divulgação da marca, ao longo do tempo, um retorno que certamente me trará pelo menos o triplo desse valor. Mas, ao manter uma orquestra funcionando, algo dispendioso, quanto uma empresa ganhará de forma direta ou indireta?
Muitas formas de se contornar esse problema tem sido tentadas mas sempre se esbarra nessa questão: o que a arte a ser financiada trará para a empresa? Governos tem tentado abdicar de frações dos valores de impostos em benefício de artistas (atualmente esportistas e entidades assistenciais também) mas isso é claramente insuficiente. Somos um país onde 85% da população não vai a teatros, espetáculos de dança, de música instrumental ou a exposições.
E então? O que fazer?
Repetindo:
1) Nada no mundo é eterno. Há formas de expressão musical que estão inequivocamente acabando.
Na música, por exemplo, o jazz, o blues e a música erudita estão acabando.
2) Porém essas expressões sonoras não estão morrendo de morte morrida e sim de morte matada.
Diferentemente de outras épocas, o fim dessas expressões não tem nada de natural. Há causas claramente discerníveis por trás desse fenômeno.
3) Deixe sua confortável posição de juiz estético e entenda que cada um é livre pra gostar do que quiser. Há sempre um bom motivo para alguém gostar de algo. Não existe música ruim. O que você chama de música ruim é só música que você não gosta.
4) Os tipos de música citados (jazz, blues, erudita e autoral não destinada ao consumo em massa) são fruto de um imenso acúmulo de informações sonoras, históricas, etnológicas, estéticas e sociais. Trabalham com um volume enorme de informações. São músicas que você aprende a ouvir. E isso leva tempo. E como tempo (pro sistema econômico atual) é dinheiro.....
5) Grandes empresários só financiarão ações que lhes tragam benefício direto pra seus negócios. Tudo o que ficar fora disso simplesmente não receberá recursos. Aí é que entra o Estado.
Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam. Adeus.
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